quinta-feira, 22 de maio de 2014


VI SEMINÁRIO SESC REVELANDO A LITERATURA CEARENSE, QUE ESTE ANO HOMENAGEOU O ESCRITOR CAIO PORFÍRIO CARNEIRO. ESTAS FOTOS REGISTRAM O BATE PAPO DOS ESCRITORES CARLOS VAZCONCELOS E PEDRO SALGUEIRO COM O TEMA ESCRITURA E MEMÓRIA DE CAIO PORFIRIO CARNEIRO 



 Carlos Vazconcelos e Pedro Salgueiro
 Abraço Literário





João Batista Carneiro, irmão do homenageado do Seminário

terça-feira, 13 de maio de 2014



PROFESSORES DISCUTEM A ATENÇÃO DADA À LITERATURA CEARENSE

12.05.2014

O que a adesão das universidades públicas ao Enem pode significar para a difusão do autor cearense nas escolas
  
Para o escritor Batista de Lima, a literatura local perde com o Enem

Oliveira Paiva, Rogaciano Leite, Domingos Olímpio, Padre Antônio Tomás, Henriqueta Galeno. Mais do que ruas ou avenidas, esses e outros tantos nomes escritos em placas fixadas nas esquinas também se inscreveram na história da literatura cearense. Apesar disso, a história das nossas próprias palavras e narrativas corre, mais do que nunca, o risco de se distanciar dos mais novos por questões de prioridade no ensino.

Desde o semestre 2011.1, os alunos que ingressaram na Universidade Federal do Ceará (UFC), na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab) e no Instituto Federal do Ceará (IFCE) foram selecionados através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificado (Sisu/MEC). Com exceção dos cursos de Licenciatura em Teatro e ArtesVisuais da última instituição, que necessitam de um teste de habilitação específica (THE) e são regidos por um edital à parte, todo o acesso às graduações e cursos técnicos mantidos pelas entidades federais de ensino superior no Ceará passou a acontecer mediante aprovação na prova elaborada para ser aplicada simultaneamente em todos os Estados, logo, se pauta em conteúdos abrangentes a todo o território nacional.

Em abril, o Conselho Universitário (Consu) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) aprovou a adesão da instituição ao Enem, tendo início em 2015.1, quando a oferta de 50% das vagas para o primeiro semestre letivo em todos os turnos e cursos de graduação presenciais da oferta regular serão preenchidas através da prova nacional.

Já as vagas para o segundo semestre permanecem regidas pela modalidade vestibular tradicional, que passa a ser realizado somente no meio do ano. A exceção acontece para os cursos da unidade de Tauá e, em Fortaleza, para Medicina - o mais concorrido da universidade - e Psicologia, que serão integralmente preenchidos através do Exame Nacional. Ainda que o reitor da Uece, Jackson Sampaio, tenha defendido, à época da adesão, a manutenção do vestibular tradicional pelas características da prova de abordar conteúdos regionais, a iniciativa não será suficiente para salvaguardar a literatura cearense dentro dos colégios e cursinhos preparatórios para o vestibular - principalmente porque, mesmo quando se utilizava integralmente do método tradicional de seleção, não valorizava a produção local com tanta força quanto fazia a UFC.
"Apesar da Uece ter mantido um sistema à parte do Enem, jamais esta Universidade demonstrou interesse em valorizar autores cearenses que não os mais famosos Alencar, Rachel ou Patativa", critica Roderic Szasz, há 18 anos professor da disciplina de Literatura no Colégio Juvenal de Carvalho.
"Seus vestibulares sempre foram mais voltados para autores de alcance nacional. Portanto, excetuando os autores supracitados e outros da mesma estirpe, os ditos 'menores' não tinham espaço nas aulas, pelo menos não por causa da Uece", afirma. O docente relata que mudanças no ensino e na abordagem das produções locais mais significativas se deram após a adesão da UFC ao Enem. Quando tinha vestibular próprio, a universidade cobrava na prova a leitura de uma lista de dez livros, dos quais cerca de seis ou sete correspondiam às obras dos escritores do Ceará.
"Com o Enem, a lista terminou, os interesses migraram para autores mais 'nacionais' e a literatura cearense ficou, sim, em segundo, ou melhor último plano nas escolas", condena o professor.

Consequências

Luciano Araújo, que leciona literatura na rede pública estadual e também no colégio particular Imaculada Conceição, aponta que as mudanças no conteúdo cobrado pelos exames de seleção privam os estudantes de conhecerem verdadeiramente, ainda na escola, nomes que fazem parte do seu cotidiano.

"É o que chamamos, na universidade, de 'Via da Literatura Cearense'! As pessoas conhecem osnomes de ruas e avenidas como Domingos Olímpio, Antônio Sales e Juvenal Galeno, mas nem sonham que essas pessoas foram grandes escritores do nosso estado", explica.

"Para a Literatura Cearense é o fim", avalia Batista de Lima, colunista do Caderno 3 e professor de Literatura Cearense na Uece, de 1995 a julho de 2013. "O autor cearense geralmente fica recluso com suas obras nos limites do nosso Estado. Os vestibulares locais, antes do Enem, ainda se lembravam da gente. Agora nem isso. As escolas de ensino médio de nossa terra que eram resistentes ao autor cearense, agora é que não vão mais divulgá-lo".

"A literatura local está fadada a se tornar um objeto cada vez mais restrito aos estudiosos locais e aos obcecados por 'curiosidades'. Dificilmente o valor de autores menos badalados voltará a ser exaltado ou mesmo estudado no ensino médio, por conta do atual sistema de seleção vestibular", lastima Roderic Szasz.
Para completar o quadro, o docente acrescenta que, entre os jovens estudantes, cresce também o desinteresse pela literatura como um todo. A maioria sequer reconhece ou se importa com a origem dos autores. "A Literatura tem sido um grande tédio para os mais jovens, o que é uma lamentável realidade", analisa.
Já Luciano Araújo percebe um relativo interesse dos discentes em conhecer o que é e foi produzido no lugar onde vivem, mas com restrições. "Em sala, tento remar contra a maré, levando textos de escritores cearenses, como Moreira Campos, para mostrar aos alunos que nós possuímos um leque enorme de bons escritores", relata.
"Os meninos até que gostam de conhecer nossa literatura, mas não a valorizam tanto porque 'não cai no Enem'. É triste, mas é verdade", lamenta o docente. Para Batista de Lima, especialista em literatura cearense, a solução deve ser pensada pelos sindicatos, pastas públicas e academias que se englobam no contexto da educação. "Devia haver uma lei estadual para que toda escola do Ceará fosse obrigada a exigir entre os quatro livros paradidáticos pelo menos um que fosse de autor cearense", sugere.

segunda-feira, 12 de maio de 2014



HOMENAGEM A NILTO MACIEL


Pedro Salgueiro - O Povo - 10/05/2014


QUEM TERMINARÁ AS TAREFAS DO MORTO?

Quem completará as inadiáveis tarefas do morto? Quem acabará de arrumar sua penúltima mala, na qual só faltava uma camisa engomada, já que a calça de brim jazia bem dobrada ao lado da pasta com o fecho aberto até quase a metade (por onde dali a pouco ele enfiaria o discurso de abertura de um congresso macabro).

Quem terminará de pôr sua derradeira postagem na página que era seu barco, sua âncora, sua tábua de salvação de náufrago sem remissão? Qual dos amigos postará um primeiro e o último comentário póstumo, com a bendita insulina do elogio fácil que tanto azeitava o parco sangue do morto?

Quem de nós, amigos de sempre e os ausentes, aparará pela última vez as unhas tortas do morto; qual deles se sentará desconfortável no sofá puído, sobre a velha toalha com emblema gasto do glorioso “Tricolor de Aço”, que tanta tristeza vinha trazendo ultimamente ao finado?

Quem completará o último romance do corpo magro e putrefato que jaz inocentemente estendido no pequeno corredor entre o banheiro, o quarto de dormir e a sala?

Quem ouvirá de sua boca minúscula que aquele seria seu Ulisses, seu canto de cisne, sua última e mais perigosa jogada: depois da qual não se sustaria pedra sobre pedra do que imprudentemente escreveu antes?

Quem da famigerada corja dos companheiros de copos, de colegas de geração, de novos e velhos parceiros de penas, escutará suas derradeiras idiossincrasias, seus restantes insultos velados, suas últimas indiscrições escritas?

Quais dos ouvidos singelos, limpos e sempre disponíveis, escutarão suas reles blasfêmias de ateu reimoso, seus vãos arrependimentos, suas dolorosas lembranças de infância, por onde desfilarão – irremediavelmente sumidos – seus pais, tios, irmãos, todos mortinhos covardes que o foram deixando sozinho pelos pedregosos caminhos da vida?

Quem dentre os muitos companheiros de vida ecoará pelos ventos suas iras, sonhos, amores, dissabores, langores, sussurros e preces?

Quem raspará a rala barba diária do morto, quem cofiará com seu modo único o velho bigode aparado tão baixo, discretamente escondendo o riso cínico, a impune maledicência, os dentes finos trincados de dor?

Quem dentre os já mortos o vai auxiliar no profundo estudo da geologia dos campos santos? Quais dos Josés, Aírtons, Edinardos, Aldas, Alcides, o ajudarão a aparar as raízes desse imenso “mato baixo” que somos no fundo todos nós que por aqui restamos?

Quem editará seus livros esquecidos, os quase concluídos e – principalmente – os que ainda seriam escritos? Quem os postará nos correios para os tantos admiradores desse Brasil tão grande? Quem receberá, por sua vez, a enorme quantidade de livros que lhe enviarão todos os novíssimos poetas desse país gigante?

Quem vai restaurar os derradeiros filmes, fotos e lembranças de vida para mostrar no moderno projetor, que ele havia acabado de comprar e posto no quarto para presentear as quatro filhas quando elas aqui por ventura aportassem?

                                                       ***

Não! Não! Senhores! Um morto assim não deveria morrer tão cedo, pois ele ainda tinha diversas coisas a fazer, bastantes (e inadiáveis) tarefas para completar...

E muita, muita vida ainda por viver!

“Demorou dias a agonia de Ascânio Bustamante Coimbra. Vomitava versos, retorcia-se na cama, agitado, febril, voz sumida. E finalmente expirou, translúcido como a evidência, magro, quase ossos, e a pele manchada de letras.” (Nilto Maciel – do conto O translúcido Ascânio).


sexta-feira, 9 de maio de 2014

PROJETO BAZAR DAS LETRAS



O Projeto Bazar das Letras, do Sesc, é pioneiro e único no formato e busca sempre temáticas literárias diferenciadas,
renovadas pela variedade de assuntos que o universo dos livros e dos escritores possibilita apresentar,
preocupando-se também com a divulgação do autor e difusão do livro em bibliotecas, além da venda direta no local com desconto especial de 50%. 
Produção e mediação: Carlos Vazconcelos