segunda-feira, 22 de dezembro de 2014



Confraternização dos Poetas de Quinta, residência do Pedro Salgueiro. 


 Manuel Casqueiro e Paulo Avelino, camisa verde

À direita: Carlos Nóbrega e Tércia Montenegro



 Carlos Vazconcelos e Diniz.

 Pedro Salgueiro, Luciano Bomfim, Cornellius e Casqueiro
 Permuta de livros





 Jesus Irajacy, de camisa azul
 Em pé, Diniz

 Luciano Bomfim
Chico Pascoal

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

LANÇAMENTO: "CONTOS DE IR EMBORA", DE NATERCIA ROCHA



"Li os contos. Gostei. São curtos, delicados, mas com muito vigor. Deslocam-se no tempo e no espaço. Revisitam linguagens. Experimentam e ousam. São contidos e explosivos. Dão vontade de ler. Desfocam, subvertem ou nos dão a aparência do real, que irrompe, inesperadamente, em uma epifania, ao tropeçarmos em uma palavra deslocada, em um sentimento torto, em uma poesia que não quer ser poesia. Desconfiemos deles e da autora. Uma estreia auspiciosa"

Gilmar de Carvalho

*

Data: 29 de novembro (sábado), às 17h
Local: Espaço O POVO de Cultura & Arte
(anexo ao jornal O POVO – av. Aguanambi, 282, Joaquim Távora)
Apresentação da autora e da obra: Eduardo Luz, professor da UFC.

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Livro com prefácio de Nilto Maciel, posfácio de Eduardo Luz, intervenções poéticas do Poeta de Meia-Tigela e ilustrações de Audifax Rios

sábado, 22 de novembro de 2014

SUBLIMAÇÃO


                                                                Ilustração de Lúcio Cleto


Todas as vezes que o meu eu medíocre

me fez querer pensar em desistir

a força divina que habita em mim

me capacitou a desbravar

os procelosos caminhos da persistência.

Daí, aprendi a transformar as frias adagas,

incomplacentes e afiadas, que me mutilavam

em macias plumas para aconchegarem o meu êxito!


Jorge Furtado

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

HORAS NOTURNAS



(É de um quadro da artista Nataly Pinho a bela imagem 
da capa de Horas Noturnas)


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Aconteceu no sábado, dia 25 de outubro, na Casa de Juvenal Galeno, mais um lançamento do Projeto Literário "Edições em coautoria", idealizado por Silas Falcão: o livro HORAS NOTURNAS, antologia de poemas de Ana Cristina Souto, Cleody Virgínia, Cris Menezes, Lucineide Souto e Nanda Gois.




"Ao entrarmos neste mundo misterioso e mágico da arte poética passamos por uma metamorfose que só compreende quem ama a literatura. Assim, com um olhar de quem ama, convidamos todos a fazerem parte deste encanto e encontro poético noturno" (Gildênia Moura, na orelha do livro)

"Embora não seja igualmente crepuscular na essência, a poética dessas cinco mulheres dialoga na pele da linguagem, na expressão do silêncio que a noite propicia. Não a noite que começa depois do pôr do sol, mas a noite interior, que arranca a venda dos olhos e põe o dedo nas feridas mais antigas. O amor é sempre o Leitmotiv primeiro e na poesia de cada uma predominam o sopro de vida, o desaprisionamento da alma e a certeza de que têm bem mais que asas pra voar" (Aíla Sampaio, no Prefácio da obra)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

P A R A - B E N S





Que meu SIM se firme e assome

E confirme o que é conforme


Régis é Pessoa Enorme


Frede é RICO até no nome



26/09/2014: Feliz Anil-versário ao poeta Frederico Régis
do Poeta de Meia-Tigela e demais Poetas de Quinta

sábado, 13 de setembro de 2014

A FUNÇÃO SOCIAL DA LITERATURA

La Lectrice Soumise (1928), de Rene Magritte


Existe uma música do Raul Seixas, chamadaEu Sou Egoísta, que diz: “… Minha espada é a guitarra na mão”. Eu nunca toquei guitarra na minha vida e, para falar a verdade, mal sei segurar uma. Contudo, eu também tenho uma espada, que uso para atacar e para me defender: a literatura.
Em minha opinião, existem dois tipos diferentes de literatura: uma serve para distrair; a outra, para incomodar. E é somente quando a literatura incomoda que ela deixa de ser apenas um passatempo, e passa a assumir uma função social das mais importantes.
Devo dizer que, pessoalmente, não tenho nada contra a literatura de entretenimento. Não a desqualifico e nem a ridicularizo, como muitos costumam fazer. Inclusive, conheço e admiro autores que escrevem com o único objetivo de distrair o leitor. Não se aprofundam em nenhum assunto que possa gerar polêmica, limitando-se a contar uma historinha divertida sobre uma situação corriqueira.
Não podem ser considerados textos ruins só por que são comportados e convenientes. Alguns são até muito bons e extremamente divertidos; mas dez dias depois de lê-los você nem se lembra mais do que leu.
Creio que a literatura atinge sua maturidade, e cumpre seu papel social plenamente, quando tira o leitor do lugar onde ele confortavelmente está, e perturba, questiona, instiga o raciocínio, obriga a pensar sob outro ponto de vista. Falo de textos que, anos e anos após sua leitura, você ainda se lembra claramente, por que exigiram um esforço ao qual não estamos acostumados – e quando digo esforço, não é esforço para entender o que um autor confuso e rebuscado quis dizer, mas sim o esforço de sair do lugar-comum onde o leitor está muito bem, obrigado. Ou acha que está.
É esta peneira que define quais títulos ficarão na minha estante, e quais serão passados adiante. Por que os livros que me incomodaram eu sei que acabarei relendo e relendo e relendo, e a cada releitura eles me mostrarão uma nova porta, um novo caminho, um detalhe que eu não havia percebido antes. E incomodarão ainda mais.
Eis a mágica da maturidade literária.
No entanto, a maioria dos novos autores ainda produz literatura de recreação. Escrevem livros bons, de relativa qualidade, mas que são apenas isso: bons e de relativa qualidade.
E não é por que o novo autor não tem capacidade ou condições de escrever um texto instigante e incomodativo; é por que, geralmente, o novo autor quer da literatura somente confetes sobre a cabeça, e textos que instigam e incomodam são mais fáceis de serem descartados pela grande mídia e pelo grande público – que é formado, infelizmente, por leitores muitas vezes limitados e facilmente manipulados.
Não acho que o objetivo final do escritor deva ser a fama. Pois, quando é mais importante ser conhecido do que ser reconhecido, as chances de se tornar um autor medíocre e irrelevante aumentam substancialmente.
Ademais, para escrever um livro que obrigue o leitor a pensar é necessário que o próprio autor pense sobre o que irá escrever antes de escrever – e são poucos os que trabalham assim. A maioria senta na frente do computador e passa a digitar com frenesi, pois, ingenuamente, acredita que literatura é mais inspiração do que transpiração.
Todavia, devo dizer que não são somente os novos autores que costumam produzir literatura de entretenimento. Muitos escritores renomados, e alguns até consagrados, e que publicam através de grandes selos e em grandes veículos de comunicação, são, também, autores que não pretendem incomodar ninguém. Querem apenas contar uma boa história e depois ir para casa, dormir em paz. Muitos construíram uma carreira invejável escrevendo livros que o leitor esquecerá dez dias depois de lê-los.
Não estou dizendo, naturalmente, que eu sou uma escritora que perturba; que o meu texto já atingiu sua maturidade social, e deixou de ser apenas entretenimento. Bom se fosse! Mas posso garantir que é o que eu procuro, incansavelmente. Não foi nem uma e nem duas vezes que ouvi de amigos e familiares: “Não escreva sobre isso, Jana”. “Tu só vai se incomodar se tocar neste assunto”. “Melhor não mexer no vespeiro”. “Fica na tua, guria!”.
Nunca dei ouvidos para estes amigos e familiares. Porque, se não é para escrever sobre o que eu não devo escrever; se não é para incomodar; se não é para mexer no vespeiro; qual a razão de escrever?
A literatura mansa e politicamente correta tem o seu valor, sem dúvidas. Mas é a literatura indomada e politicamente incorreta que faz a diferença, e distingue os grandes dos médios e pequenos.
Pense nisso quando for escrever, amigo autor.
Não se esqueça de que a literatura é, provavelmente, a única espada que você possui para se defender, e também para atacar. E se você entregar esta espada ao inimigo, ou se a pendurar na parede como um enfeite bonitinho, eu pergunto: o que sobrará para você?
Talvez não venham os aplausos que você tanto espera, pois muitos leitores ficam tão desconfortáveis por serem arrancados de seus respectivos sofás, que passam a ignorar o autor – apesar de dificilmente esquecê-lo.
Talvez você nunca escreva para grandes veículos de comunicação, por que poucos deles estão dispostos a assumir colunistas capazes de dar uma opinião concreta, consistente, sem maquiagem (“afinal, o anunciante pode não gostar”).
Talvez você nunca publique por uma grande editora, pois elas também preferem livros de entretenimento, que vendem mais e incomodam menos.
Mas eu acho que este é um preço baixo a se pagar.
Caro é escrever somente o que os outros querem ler, e falar apenas o que os outros querem ouvir, e ser nada além do que os outros querem que você seja: pacífico, obediente, domesticado.
Já existem muitos escritores e artistas fazendo exatamente o que esperam que eles façam. Não precisamos de mais do mesmo.
Então, caro amigo autor: não abra mão de usar a espada que tem nas mãos.
Porque, como disse o escritor Fausto Wolff, “Antes de voltar a escrever, eu quero poder escolher o meu lado do ringue”.



Jana Lauxen é produtora cultural e escritora, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (Ed. Multifoco, 2009) e O Túmulo do Ladrão (Ed. Multifoco, 2013). 





              SÚMULA

Hoje diante destes papeis
em busca de poesia
no enxerto dos instantes
sou ínfima fração

hoje sou menos
que fui e serei
a distração dos dias
oculta imensidões

hoje me permito
sou o que transvisto
e durmo em um desvio
cativo em efêmeros mundos

hoje eu minto
e amanhã (queira ou não)
passarei o mapa a limpo
voltarei destro e íntegro



Fred

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

30-08-2014
Reunião da ACE na Casa de Juvenal Galeno: lançamento do livro A Lança de Nzambi, de Manuel Casqueiro. Auditório lotado. Alguns Poetas de Quinta compareceram.















 blico que aplaudiu os momentos de exaltação a beleza e poesia do povo africano.
Agradecemos aos poetas Talles Azigon, Rogério Ramos, Rosa Morena e Juliana Oliveira, responsáveis pelas declamações poéticas em homenagem a África e aos amigos do Abraço literário, aos associados da ACE e a comunidade africana.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014




                        DOIS ANOS SEM MANUEL BULCÃO


Foram apenas três momentos em que pouco dialogamos, porém algo me diz que atravessamos séculos e mares de outros tempos. Duas destas especiais ocasiões ocorreram no barulhento e, então apinhado de gente, “Bar do Assis” em encontro dos Poetas de Quinta; a outra aconteceu na casa de Pedro Salgueiro numa noite em que celebrávamos a mudança de idade do anfitrião. Apesar do quê, o suficiente para nascer uma afinidade que caminhava franca para grande amizade. Afora isso, trocamos meia dúzia de e-mails e batemos alguns papos ao telefone. Neste meio tempo, nas duas vezes que os Poetas de Quinta se encontraram em minha casa, Bulcãozinho (assim tratavam-no os seus mais íntimos de nosso grupo) manifestou vontade de se fazer presente. Entendia ser uma oportunidade ímpar para escambiarmos nossas próprias obras. Ele me traria: As esquisitices do óbvio, A eloquência do ódio e Sombras do Iluminismo; em troca levaria um exemplar de meus livros. No entanto, desencorajado pela doença, justificou a impossibilidade de nos acompanhar naquelas reuniões expondo-me o quão era frágil sua saúde.

Noutro momento, ao ouvi-lo chateado por não ter comparecido ao meu lançamento em 2 de junho de 2011, eu deixei na portaria de seu condomínio um volume de meu segundo romance, recém-publicado. No dia seguinte a capa de Devaneios Delírios & Desamores já estava postada em seu Blog: asesquisiticesdoobvio.com.br.

Já em 2012, Manuel Bulcão me passou um e-mail dizendo que acabava de sair de uma crise de duas horas de dores aguda. Aguardava uma ambulância para ser hospitalizado. Tinha dúvidas se dali sairia com vida. Se eu quisesse poderia pegar, no hospital, os livros que ele dedicara a mim. Apesar de seu preocupante quadro clínico o e-mail transbordava bom humor. Até piadas com alguns companheiros de Quinta ele fez. Meio atrapalhado (sempre me falta jeito diante de situações do gênero), eu o respondi com votos de pronto restabelecimento e manifesto desejo de em breve nos encontrarmos para comemorar a plenitude de sua recuperação. Contudo, ao clicar o comando de enviar, antevi lágrimas lhe irrigando as faces enquanto lia minha correspondência; tempo em que a dor de quem perde um ente querido se apoderava de mim. E assim envolto em completo silêncio, revivi os laços de afeto, gratidão e respeito mútuos, que construímos. Vaguei entre a alegria e a tristeza entregue ao sentimento de fé com o olhar firme na réstia de luz e na esperança que resiste até o último sopro de vida.

Uma semana depois ele recebeu alta hospitalar. Eu, e por certo todos ao seu redor, afastava por completo o que a crença popular chama “Melhoria da morte” ou “Visita da saúde”. Fase em que o doente dá sinais de recuperação (na verdade um crédito de horas ou dias, dados pela lei divina), mas de repetente o seu prazo na Terra se encerra e o espírito sobe aos céus. Afinal é assim que a vida acontece num eterno e ir e vir. E como nós, conforme disse Clarice Lispector: “Nunca estamos preparados para o que nos espera”, eu compartilhava da alegria do amigo que retornava para casa duplamente feliz.

Primeiro porque o médico que o acompanhava estava bastante confiante na evolução de seu quadro; segundo porque o livro que acabara de concluir: O heliocentrismo de Copérnico tinha sido aprovado por uma editora virtual portuguesa. E disse mais: “Este tipo de publicação é um achado para escritores criativos como nós. Digo criativos assim com eu e você. Não o... nem o... muito menos o... brincou”. Contudo, confessava-se nervoso porque a esse propósito teria de gravar um documentário em Sobral, e, segundo suas próprias palavras, em demandas do gênero lhe batia uma gagueira de assustar.

Isso, no entanto, ele não disse, mas minha perita intuição deduz que o citado município cearense foi escolhido para ambientar o referenciado vídeo pelo fato de o teor do livro (haja vista o título) ter muito a ver com a Lei da Gravidade Geral, bem como devido à efetiva contribuição que a Princesa do Norte deu para a comprovação dessa grande descoberta do gênio da física, o cientista Albert Einstein.

A despeito da consciência que tinha da fragilidade da própria saúde, em nenhum momento vi ou ouvi Bulcãozinho se lamentar. No entanto, uma vez também por e-mail, ele deixou transparecer que os leitores não gostavam de sua obra. Certo de que esta era a verdade dos fatos, respondi que apesar de ter lido apenas algumas poesias e textos de sua lavra, postados em nosso www.poetasdequinta.blogspot.com e em seu já citado Blog, eu não tinha dúvida de que sua obra breve mente teria o justo reconhecimento. Pois confiava no bom gosto de nossos colegas de grupo, unânimes em ressaltar seu talento de escritor. Sobretudo como ensaísta técnico-científico e filosófico.

Meses depois, na busca de unidade literária para uma nova publicação, eu consultava alguns colegas e o caro Bulcão, mais uma vez em rede social, analisou com presteza, sabedoria, carinho e fez boas observações acerca do que eu o enviara.

Menos de um mês depois desta correspondência, ao retornar de viagem num fim de semana eu soube que ele estava numa UTI. Prontamente liguei para o Silas Falcão, o Pedro Salgueiro e o Carlos Vazconcelos e agendamos, para a quarta-feira seguinte, uma visita ao amigo. Uma reunião de trabalho, no entanto, segurou o Vaz além do tempo previsto e perdemos a hora da visita, que, remarcada para dois dias depois, acabou não acontecendo. É que às 19 horas do dia 23 de agosto de 2012, Manuel Soares Bulcão Neto, exato numa quinta-feira (dia e hora em que os Poetas de Quinta costumeiramente se reúnem) partiu deixando uma grande saudade e um vazio imenso em nós.

As palavras guardadas para a visita ainda me povoam o pensamento, no entanto mais calmas e consoladas pela sabedoria do coração, coexistem com a luz que cruza o meu livre-arbítrio. São recordações imorredouras que mostram e enaltecem a natureza do amigo, que, de quando em quando, eu revejo-o através de uma porta aberta pela sinfonia do céu noturno. E na perspectiva de nos reconhecermos na travessia de um horizonte de almas eternas, meu ego se dissolve perdoando-me por eu não tê-lo abraçado mais uma vez.


Bernivaldo Carneiro

sexta-feira, 8 de agosto de 2014



POETAS DE QUINTA

Carlos Vazconcelos

Poetas de quinta-feira,
de quinta categoria,
o que a cidade oferece,
o que pede, poesia?
São esquisitices do óbvio
que se buscam em segredo,
talvez ópio ou cronópio
que nos distraia, brinquedo.
Enquanto somos atores
deste palco, oito paredes,
por quem somos, não sabemos,
cruz vermelha, facção verde?
Há inimigos à espreita!
Mas também o quanto sou?
Cada um carrega em si
o peso do morto ou
um espantalho sedento
com um coração tamanho,
indeciso entre a angústia
a melancolia ou o sonho.
Sem honraria ou medalha
que o valha, a poesia
servida fria é navalha
que talha a demagogia.
Meia-tigela de versos
vale mais que um teorema,
do que o dinheiro-dejeto
de tão precário sistema.
O que a cidade oferece,
o que pede, poesia?
Devaneios e delírios,
desamores e anarquia?
Nada disso sobrevive
às garras da irreverência
satirizando, seu moço,
o mundo, resiliência.
Poetas de quinta-feira,
de quinta categoria,
sois passageiros de cúmulos,
sois uma idiossincrasia?
Uma usina de nada?
Poços de sabedoria?
Concerto número único?
Bússola sem seta-guia?
Dez cavaleiros de triste
figura e uma dulcineia.
Sois vós de meia-pataca?
Sois vós de tigela e meia?
De nada vale o dilema:
Se a vida está por um triz,
“Monte parnaso” é no Eusébio
“Pasárgada” é o Bar do Assis;
há de haver outros “olimpos:”
o Tronco do Sapoti,
Bar do Pancho, o Animaw,
certa casa no Fortim...
Poetas de quinta-feira,
palindrômica utopia,
lançar minutas do caos,
nos ultramundos seria
maneira de registrar
nossa passagem no mundo,
de navegar, mergulhar,
em mares tão foribundos.
Poetas, acangapebas
bastam umas cervas geladas,
coca-cola, carne assada,
e cadeiras nas calçadas.
Não existe protocolo
nem brasão ou livro-ata,
o fardão é uma pilhéria,
a divisa é uma bravata.
Há coisas mais importantes
advindas do imaginário:
Os vendedores de Judas...
restos de corpo no aquário...
Um breviário completo
e receita tão excêntrica
contra o princípio copérnico,
lógicaherméticautêntica.
Um muzungu africano,
um cabra do limoeiro,
outro lá dos Crateús
são mais três dos cavaleiros
a aliterar seus versos
em noite de manequins,
quem tomar banho por dentro
molha o cérebro e os rins.
Sob a lança de Nzambi
criou-se uma nova moda:
sair dançando assim
com sapatos que incomodam.
Uma estranha galeria
de tipos desengonçados
que habitam o mundo dos vivos
as noites e os dias roubados.
Nessa divina comédia,
Papaconha e Amhitar,
Dom Quixote e Bode Ioiô
terminam por se encontrar.
Repito, é mais importante,
acreditai, não invento:
Faltem-nos dantes, cervantes
Mas nunca moinhos de vento.