quinta-feira, 28 de maio de 2015





MAPAS DA ÁSIA

                                                Aperte bem os olhos
                                                para ver direito
                                                os mapas da Ásia
                                                aperte bem,
                                                Você poderia ter nascido lá,
                                                Você poderia ter nascido
                                                 negro ou índio
                                                 branco ou mouro . . .
                                                 Deixe os olhos soltos
                                                 Lembre bem: na Ásia
                                                 somos nós, os outros.



                                                                   Carlos Nóbrega

quinta-feira, 21 de maio de 2015

CARTÃO PO(E)STAL DE JORGE FURTADO


AUTORES E IDEIAS





Entrevista d’O Poeta de Meia-Tigela, no programa Autores e Ideias, com Lilian Martins

http://www.al.ce.gov.br/index.php/noticias/radio-web-assembleia/culturais




Capa - autoria de Lúcio Cleto - do livro de poemas E5PELHOS, do Projeto Edições em Coautoria. Participam Carlos Nóbrega, Frederico Régis, Jorge Furtado, Lúcio Cleto e O Poeta de Meia-Tigela. Os originais foram entregues segunda-feira à Expressão Gráfica.

terça-feira, 5 de maio de 2015

MUTIRÃO: CONTEMPORÂNEO, UNITÁRIO E PLURAL

               A cena literária de Fortaleza não se diferencia em nada da cena literária nacional, no que diz respeito à reprodução da mesmice, ou seja, há sempre um livrinho medíocre sendo lançado, para o encantamento falseado dos corroídos membros das mesmas velhas igrejinhas. Dificilmente se vislumbra no horizonte algo que se mostre de relevante valor literário. Há sempre muito barulho por nada. Talvez isso seja apenas reflexo da arte produzida na contemporaneidade, mas que, com certeza, faz Adolfo Caminha (1867 - 1897) se remexer na cova.
Poeta de Meia-Tigela
       
              A felicidade daqueles que apreciam um bom texto se faz quando, vez ou outra, um Quixote resolve combater os moinhos das eternas inutilidades literárias locais, provocando o nosso adormecido senso de compreensão da arte, seja ela literária ou não. No bojo dos trabalhos que conseguem furar o cerco e sair da área de conforto estabelecida pelo mainstream acangapebista, nos chama a atenção o trabalho organizado pelo maestro de obras, o Poeta de Meia-Tigela (pseudônimo usado para Alves de Aquino), com os “aos-cílios generosos” de vários autores. Ao todo, são vinte e quatro quixotes.

           E eis que surge o Mutirão, um livreto contendo poesia, prosa, pintura, fotografia e muitas outras formas de se dizer a arte. A reflexão proposta pelo trabalho segue a mesma linha dos livretos Dentes amarelos e  Risque seu nome do meu caderno, de autoria de Manoel Carlos e Deribaldo Santos. O trabalho, acertadamente, se chama Mutirão, publicado em Fortaleza, no ano de 2014, pela Expressão Gráfica e Editora. A capa, a folha de rosto e o ratinho da página 11 ficaram a critério da artista Nataly Pinho; enquanto (um por) todos (e todos por um) dividiram a revisão, como acontece em qualquer mutirão que se preze.

           Inicialmente o Mutirão reuniria apenas o Poeta de Meia-Tigela, Frederico Régis, Nataly Pinho e Lúcio Cleto. Contudo, outros autores foram se chegando e foram ficando. Quanto mais mãos, melhor o Mutirão! A ideia é abrir espaço para trabalhos inéditos, apresentando novos autores. Daí o seu caráter unitário e plural, tendo em vista a diversidade de textos e imagens que apresenta. Convém observar que o aspecto aleatório do livreto é apenas aparente, uma vez que possui toda uma lógica na sua organização. Note-se, por exemplo, que a cada três textos escritos, tem-se uma imagem, um desenho, uma pintura ou uma fotografia; o que faz do referido trabalho um significativo repertório de relações intersemióticas.

           Um livro organizado nos moldes do Mutirãomostra-se em consonância com o tempo presente, ou seja, um tempo de fraturas, onde tudo precisa necessariamente ocorrer de forma concatenada, conforme exige a arte na contemporaneidade; embora tudo isso possa parecer contraditório. Dessa forma, lembramos Agamben (2009), quando afirma que o contemporâneo que se pode entrever na temporalidade do presente é sempre retorno que não cessa de se repetir, portanto, nunca funda uma origem e, com isso, se aproxima da noção de poesia. Percebemos aqui, a poesia como representação da abertura que toda obra de arte possui; abertura essa que pode ser estendida à própria compreensão de contemporaneidade.

              Embora o Mutirão tenha nascido com o intuito de ser “apenas” um livreto coletivo, uma reunião, sua presença provocadora já está garantida, uma vez que no quarto mês de cada semestre um novo exemplar aportará em terras alencarinas e tigelíricas. Assim, embora saibamos que as publicações de revistas e livretos na cidade de Fortaleza apresentam alto índice de mortalidade e desaparecimento, esperamos que oMutirão consiga escapar à maldição do descarte e do esquecimento e tenha vida longa e próspera.



Sugestão de leituras:
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.
MEIA-TIGELA, o poeta de. Concerto nº 1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema: combinação de realidades puramente imaginárias. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2010.
 _______________________. Memorial Bárbara de Alencar & outros poemas. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2011.


FONTE:

http://blogdocarloscarvalho.blogspot.com.br/