Poemas alusivos aos meus 40 anos.
Poeta Frederigo Régis
E eis que o tempo revigora as árvores lá fora.
Espalha nossos despojos e os transforma em ingredientes do dia. O mesmo vento
que trouxe este setembro e o tragará para nossa memória inventa em mim uma
página. Testemunho o mundo junto com vocês e aprendido o certo e o errado.
Tenho sido surrado pela intempérie de meus próprios erros. Vejo coisas
majestosas cuja só a presença na vida permite. Lembro uma velha e inútil
brincadeira de contornar os quarteirões com um carrinho viajando contra a
vertical louca dos muros, sentindo o calor surgir-lhe das rodinhas. Assim
percorri as minúcias dos imóveis da vizinhança. Hoje fecho um quarteirão de
minha vida. Vou atravessar a rua e começar tudo de novo.
Aí vem o tempo e assombra
A mosca azul concluída
Assiste ao recente escombro
E me tange a continuar
Uma das línguas da liberdade
É um fuso que traça saudade
Do leito à imensidão
O fascínio ao esquecimento
Mas ensina a cruzar o absurdo
E te encontrar neste mundo
Vejo vidas fluírem sob a ponte
A qual percorro há décadas
Ainda sou a possível quimera:
Consagração de primaveras
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