Carlos Vazconcelos
Foi com tua boca
que comi mistérios
no pomar das musas;
que deitei cansaço
no divã das divas
e restei vencido
no leito puro das tágides.
Com teus olhos vi
palavras com lua
palavras com sol
uma tarde branca
uma noite azul
e a eternidade
travestida de dezembro.
O mar e as montanhas
escarpas e rios
alcantis profundos
regiões etéreas
e um desejo tátil
de alcançar teu céu
com todos os dedos d’alma
Seara e deserto
ausência e ficar
a concha orvalhada
o pântano, a pétala
depois foi sonhar
divinal segredo:
lavrar, colher e saciar.
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