sábado, 7 de setembro de 2013

SEARA E DESERTO


Carlos Vazconcelos


Foi com tua boca
que comi mistérios
no pomar das musas;
que deitei cansaço
no divã das divas
e restei vencido
no leito puro das tágides.

Com teus olhos vi
palavras com lua
palavras com sol
uma tarde branca
uma noite azul
e a eternidade
travestida de dezembro.

O mar e as montanhas
escarpas e rios
alcantis profundos
regiões etéreas
e um desejo tátil
de alcançar teu céu
com todos os dedos d’alma

Seara e deserto
ausência e ficar
a concha orvalhada
o pântano, a pétala
depois foi sonhar
divinal segredo:
lavrar, colher e saciar.




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