terça-feira, 22 de abril de 2014

PROJETO BAZAR DAS LETRAS, DO SESC (CEARÁ), RECEBE OS POETAS HENRIQUE BELTRÃO E NINA RIZZI.



Bate-papo, lançamento de livro, coquetel, sorteio.
SOBRE OS AUTORES:
 
HENRIQUE BELTRÃO é cearense de Fortaleza. Poeta, compositor, radialista, professor da UFC.
Publicou os seguintes livros de poemas e canções:
Vermelho (poesia, 2007)
Simples (poesia, 2009).
Produz e apresenta os programas TODOS OS SENTIDOS e SEM FRONTEIRAS: PLURAL PELA PAZ, na Rádio universitária FM (107,9).
 
NINA RIZZI nasceu em São Paulo. É historiadora, poeta e tradutora.
Edita a revista Ellenismos – diálogos com a arte. Atualmente traduz as obras completas de Allejandra Pizarnik.
Publicou Tambores pra n’zinga (poesia, 2012).
 
SOBRE OS LIVROS:
 
A DURAÇÃO DO DESERTO, de nina Rizzi:
“Será preciso sentir a duração do deserto. Tatear os além-baldos, adIvinhar outros vermelhos, escorregar por entre os rasgos, abrigar-se na chuva, no desvão de qualquer esperança. Eu disse a N. que este livro, lateral ao tempo e à História, resultado de sua dissociação radical em relação ao regime de luzes e à trama de invisibilidades que conforma realidade ao mundo, descrevia um esvaziamento – fotografava cidades arruinadas, silêncios holocáusticos, vozes soterradas e lágrimas na chuva...” JOTA MOMBAÇA
 
“Os poemas de Nina Rizzi são daqueles que dão na gente vontade de sacudir as pessoas perdidas nas estações infernais da vida não-simbolizada, dizendo-lhes num sussurro ao pé do ouvido ou com um grito nas órbitas oculares, que das grutas de Lascaux até o e-book, passando pelas páginas impressas e pelas telas e pelos vídeos e pelos palcos, existe uma dimensão nova, uma diferença, um maravilhamento...” CARLITO AZEVEDO
 
“Nina Rizzi tem algo de uma Emily Dickinson...” FERNANDO MONTEIRO
 
“Eis o deserto, a solidão fascinante da linguagem, a ameaça constante do desastre.” CID OTTONI BYLAARDT
 
NO AR, UM POETA, de Henrique Beltrão:
“Nada mais poético do que contemplar o que foi e ainda é. Do feito e refeito se fazem a vida e a poesia. Assim, é preciso calar, ouvir o silencioso e perscrutar os sentidos do sentir-se para ser em comunhão com o poeta que das antenas universitárias irradia uma singular e afetiva disposição narrativa na pluralidade que a nós forma e constrói.” ELVIS DE AZEVEDO MATOS
 
“Este livro é, assim, o reflexo de uma história de vida e formação, que tem como eixo uma relação privilegiada com a palavra poeticamente situada, e é iluminada com uma relação muito especial com o outro, na qual o rádio oferece o suporte que generaliza, abre, amplifica as fronteiras da amorosidade.” LUIZ BOTELHO ALBUQUERQUE
 
“O poeta, como lhe é peculiar, derrama gestos amorosos em tudo que (o) toca: pessoas, palavras, parceiros.” SARAH DIVA
 
“Henrique Beltrão solta seu recado no ar
amplificando os poderes do cantar.
Viajante do infinito pensamento
pois ele sabe muito bem
morar no silêncio potente da palavra.”
FÁTIMA SOUZA

Mediação: Carlos Vazconcelos


Fracassado Império – moedas da Itália fascista

Paulo Avelino


Tem o valor de uma lira e a cara do Rei – não por acaso parecendo um prócer do Império Romano. No verso figuram o escudo da Casa de Savóia, a águia, o fascio romano (feixe de madeiras) e o machado, além do nome “Itália”. Também a data de 1940 e o número romano XVIII – este rememorando o tempo em anos que se passou desde a Marcha dos Camisas Negras sobre Roma em 1922.

A moeda de 50 centesimi possui quase o mesmo – excetuando que data de 1941 e portanto o número é XIX. Ambas têm na frente o nome de Giuseppe Romagnoli, o escultor que as cunhou.

Não é minha intenção analisar de maneira completa essas duas moedas já antigas em minha coleção, mas revelar as histórias – de sangue, dor e coragem, e até de elegância, que existem em apenas uma palavra nelas cunhada.

Vittorio Emanuele III Re e Imp – diz a frente. Vítor Emanuel (1869-1947) era o Rei da Itália desde 1900. Mas a moeda também possui a abreviação “Imp” – Imperador.

Benito Mussolini agarrou o poder na tal Marcha e não mais o largou. Seus fascistas não acreditavam na democracia – mas acreditavam na expansão colonial sobre povos mais fracos. No ano de 1935 o fascismo atingiu o auge de sua popularidade. Aproveitando isso, Mussolini ordenou a invasão da Etiópia – um dos poucos países independentes da África.

Aos etíopes não faltou coragem – e sim armas e apoio. Ingleses e franceses pouco ou nada fizeram para conter esta violação ao Direito Internacional. Um apelo do Rei Hailé Selassié à Liga das Nações apenas expôs a fraqueza desta. Muitos dos soldados da Etiópia portavam lanças e fuzis velhos de quatro décadas contra as armas modernas do Estado fascista. A derrota foi inevitável e os italianos ocuparam o país.

No dia 9 de Maio de 1936 Mussolini declarou Vítor Emanuel III como “Imperador da Etiópia”.  Seu representante no local era o Vice-rei da África Oriental Italiana.

O Marechal Pietro Badoglio foi o primeiro deles. Fora embaixador da Itália no Brasil. Contra as leis internacionais, usou armas químicas contra os etíopes. O segundo foi o também Marechal Rodolfo Graziani. Alguns etíopes jogaram granadas contra ele. Atendido a tempo, salvou-se e ordenou o massacre conhecido na Etiópia como Yekatit 12 – no qual os italianos assassinaram cerca de trinta mil etíopes. Ganhou o apelido O Açougueiro.

Sucedeu-o Amedeo Umberto Isabella Luigi Filippo Maria Giuseppe Giovanni di Savoia-Aosta, o príncipe Amedeo, segundo Duque d´Aosta – o quintessencial aristocrata até na elegância com que aparece na foto. Coube-lhe ver a destruição do “Império”, invadido pelos ingleses em 1941. Amedeo era um cavalheiro. Até mesmo seu inimigo Hailé Selassié quis visitar sua viúva após a guerra, sendo dissuadido pelo novo governo italiano. O Duque morreu de tuberculose em um campo de prisioneiros.

Em 1943 o rei renunciou oficialmente ao título de Imperador. Restaram apenas algumas moedas, testemunhos da história.



Grande abraço, Paulo 


POETAS DE QUINTA NO SÍTIO DO BERNIVALDO CARNEIRO