quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


 
                                            O celular
                                                                                             
Ao regressar do cemitério, o quarto da casa é seu refugio.
Solitária como uma rasga-mortalha, recorda boemia, literatura e infância – eterna trilogia da felicidade.
A noite cresce. Ao silêncio da madrugada, agrupam-se as metamorfoses das nostalgias diluindo o sono.
A amizade entre elas se avizinhava dos vinte e dois mil dias.
Aí, a morte irreversível: megera do último ato.
Sobre a mesa, afrontando a escuridão, uma pequena luz testemunha tudo.
De repente, o negro silêncio se assusta com a música da luz.
Alô.
Uma voz chama seu nome.
As recordações convincentes se esmigalham ao choque do sobressalto.
Mas...
Inquietos de pânico seus olhos se dilatam como dois balões. O coração, fora do compasso.
Mas... mas como? 

Silas Falcão





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