quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


                                               Outra pena 
Libertem o homem!
O alarme dessa ordem me acorda.
O portão de saída é meu limite. Distante desse momento, lembro o dia em que cheguei para cumprir a sentença. Algemas. Pés acorrentados. Nas torres, as metralhadoras me encaravam.
Angústias, sombras, espectros – inéditas mutações do medo.
Todos em fila – gritou um dos guardas que nos escoltaram.
Diante do meu pânico, braços e olhares observadores trespassavam as grades externas dos pavilhões.
Matei.
Na instauração do inquérito, o delegado confirma o que sou: réu primário. Eu tinha apenas vinte e cinco anos.
O júri foi implacável.
Coragem! – Disse alguém do fórum, olhando-me com alma.
Cumpri a sentença. Vinte e cinco anos entre os detentos. Momentos difíceis. Suicídios. Estupros. Drogas. Rebeliões. Acertos de conta. Condenados sangrando até morrer.  
E agora, a liberdade.
E novamente outra pena.
Silas Falcão 

Um comentário:

franmello disse...

maravilhosamente belo o teu escrito.Parabéns meu amigo e um feliz 2011/franmello

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