quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

                                



                                               ALÉM

Meu novo poema não fala em estrela
Não menciona um pássaro
Nem imagina sequer que um dia
Alguém usou meu nome
Meu corpo e disso tudo
Criou uma sombra a vagar na cidade

Meu novo poema foi escrito
Minutos antes que os prédios soterrassem
As matas e os rios intactos
Mencionou o cheiro de terra molhada
Acariciou o vento e demarcou com a boca
A passagem de um rio límpido

Meu novo poema será rasgado dentro de mim
Em uma noite e mil manhãs
Será levado pelas águas servidas
E decomposto por antibióticos
Sairá na urina dos shoppings
Mas estará escrito, peço a Deus
Nalguma parte do teu coração


Frederico Régis Pereira

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