A CARTOMANTE
Bernivaldo Carneiro
Sempre que Azarzim lia o panfleto: Irmã Dragnólia traz a pessoa amada em três dias, era tentado a “tirar onda” com a tal mulher. Um dia vestiu-se de coragem entornando uma garrafa de “Passaporte pro Além” — a mais forte pinga da praça. Dois passos para frente, um para trás e, por fim ajudado pelo segurança da Cartomante, venceu a escada de 18 degraus de um único lanço que desembocava direto na porta da sala da bola de cristal das adivinhações, dos búzios das mandingas, dos tarôs e dos feitiços. E foi com a boca cheia de língua que Azarzim, disse: “Sei que sua especialidade trafega caminho oposto às minhas pretensões, mas se é que é possível me diga em quantos dias a senhora devolve minha ex-amada ao seu ex-marido?”.
Bastou um gesto cheio de caráter da cartomante ao segurança. Azazim acordou dois dias depois na UTI da traumatologia do Frotão, envolvido por gazes, gesso e com as pernas para o alto, tracionadas por ferros e correntes.
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