A
Menina da Chuva, de Bruno Paulino na biblioteca do escritor Raymundo Netto.
Comecei a
leitura de A Menina da Chuva (Premius, 2013), de Bruno
Paulino, num dia de chuva, e a terminei numa manhã de sol.
A obra, a
segunda do currículo do autor, assim como a primeira, se trata de uma coletânea
de crônicas. Talvez – por vezes chego a duvidar –, o meu gênero literário
de preferência.
Asseguro
que a sua leitura me foi bastante agradável por diversos aspectos: textos muito
curtos e fluentes, permeados por uma poética sensível e
colorida – fruto da leitura de Rubem Braga, Mário Quintana, Manuel
Bandeira, Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Exupéry e, paradoxalmente, de
Nelson Rodrigues, autores que cita durante as suas narrativas repletas de
árvores, de chuvas, de saudades, de pássaros e borboletas.
Sim, não
posso esquecer outro paradoxo: seu Monteiro Lobato, afirma, foi Stephen King, e
a sua primeira namorada, o videogame. Coisas do novo tempo, afinal, não posso esquecer
que o rapaz, filho de Quixeramobim, tem apenas 24 anos, o que não o impede de
estar com um segundo livro e escrever muito bem.
Um detalhe
me chamou a atenção, talvez mais especialmente neste exato momento: o otimismo
de um "romântico vagabundo". Seus textos são ao mesmo tempo densos e
se vestem de fé, de esperança, de alegria, de gentileza, de amor e de respeito
aos mais velhos, à cultura, à leitura, à amizade e à natureza, valores que
estão, aos poucos, saindo da moda, e que são necessários para que possamos
acreditar na vida, num futuro melhor: "Um bom dia começa assim com
alegria, com um sorriso bonito no rosto, daqueles que só as pessoas que ainda
enxergam borboletas no cotidiano sabem ter." Tipo assim.
Tenho duas
alices, alicíssimas – na realidade, três a quatro, contando com minha
vó e irmã –, e por isso, entendi e correu pelo "rio de minha
alma" a narrativa da menina que chega com a chuva – vez ou outra um
serenozinho durante a leitura – e "que faz o mundo ser tão outro e tão bom
que nem carece de ser entendido". Muito lindo isso. Adorei.
Enfim,
recomendo a leitura dess'A Menina da Chuva, parabenizando não apenas o
autor, mas ao também escritor Silas Falcão que me apresentou-lhe e foi
responsável pelo seu acompanhamento gráfico – gostei muito da composição
harmônica da capa.
Que
sejamos, todos os seus leitores lavados por essa chuva e que vivamos tão cheios
de sonhos azuis, como aqueles tão luminosos e solares coloridos por Bruno
Paulino.
Por Raymundo Netto, escritor, colunista do Jornal O POVO, autor da coletânea de contos ''Os Acangapebas'', e do Romance "Um Conto no Passado: cadeiras na calçada" .
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