sábado, 18 de janeiro de 2014


A Menina da Chuva, de Bruno Paulino na biblioteca do escritor Raymundo Netto.

Comecei a leitura de A Menina da Chuva (Premius, 2013), de Bruno Paulino, num dia de chuva, e a terminei numa manhã de sol.

A obra, a segunda do currículo do autor, assim como a primeira, se trata de uma coletânea de crônicas. Talvez – por vezes chego a duvidar –, o meu gênero literário de preferência.

Asseguro que a sua leitura me foi bastante agradável por diversos aspectos: textos muito curtos e fluentes, permeados por uma poética sensível e colorida – fruto da leitura de Rubem Braga, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Exupéry e, paradoxalmente, de Nelson Rodrigues, autores que cita durante as suas narrativas repletas de árvores, de chuvas, de saudades, de pássaros e borboletas.

Sim, não posso esquecer outro paradoxo: seu Monteiro Lobato, afirma, foi Stephen King, e a sua primeira namorada, o videogame. Coisas do novo tempo, afinal, não posso esquecer que o rapaz, filho de Quixeramobim, tem apenas 24 anos, o que não o impede de estar com um segundo livro e escrever muito bem.

Um detalhe me chamou a atenção, talvez mais especialmente neste exato momento: o otimismo de um "romântico vagabundo". Seus textos são ao mesmo tempo densos e se vestem de fé, de esperança, de alegria, de gentileza, de amor e de respeito aos mais velhos, à cultura, à leitura, à amizade e à natureza, valores que estão, aos poucos, saindo da moda, e que são necessários para que possamos acreditar na vida, num futuro melhor: "Um bom dia começa assim com alegria, com um sorriso bonito no rosto, daqueles que só as pessoas que ainda enxergam borboletas no cotidiano sabem ter." Tipo assim.

Tenho duas alices, alicíssimas – na realidade, três a quatro, contando com minha vó e irmã –, e por isso, entendi e correu pelo "rio de minha alma" a narrativa da menina que chega com a chuva – vez ou outra um serenozinho durante a leitura – e "que faz o mundo ser tão outro e tão bom que nem carece de ser entendido". Muito lindo isso. Adorei.

Enfim, recomendo a leitura dess'A Menina da Chuva, parabenizando não apenas o autor, mas ao também escritor Silas Falcão que me apresentou-lhe e foi responsável pelo seu acompanhamento gráfico – gostei muito da composição harmônica da capa.
Que sejamos, todos os seus leitores lavados por essa chuva e que vivamos tão cheios de sonhos azuis, como aqueles tão luminosos e solares coloridos por Bruno Paulino.


Por Raymundo Netto, escritor, colunista do Jornal O POVO, autor da coletânea de contos  ''Os Acangapebas'', e do Romance "Um Conto no Passado: cadeiras na calçada" . 


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