sexta-feira, 29 de abril de 2011

                                       
                                    O porteiro da noite
Carlos Vazconcelos 

O elevador mais uma vez apresentava defeito. Escalou os oito lances da velha escada. Urgiam as novidades. Por infelicidade esquecera o celular. Chegou esbaforido. Ainda despindo o sobretudo molhado e o chapéu e buscando ar nas funduras do peito, discou:
– Patrão? O homem é correto, patrão. Passou direitinho no teste. Teimoso como uma mula. Não abre nem pro trem o sujeito. Exatamente. Fiz. Do jeito que o senhor mandou. É o que estou dizendo, patrão. O portão daquela companhia não se abre nem para Santa Brígida, que é a santa de devoção do homem. Exatamente. De todas as maneiras. O homem não se rende, chefe. E olhe que repetia , exaltado: “É orde do patrão! É orde do patrão.” (Risos.) Destemido, o pobre-diabo. Um cão de guarda. Acho que seria capaz de impedir a passagem da própria mãe e até de morrer no desempenho da função. É bem como lhe falei: Seu Mansueto é das antigas. Sangue-bom. Não se amolda aos “novos tempos”. (Risos.)
– Muito bem, Costa. Então não serve. Vai embargar o plano. Encaminhe-o ao departamento de pessoal. Mas não vamos demiti-lo. Solicite uma promoção i-me-di-a-ta-men-te. Almoxarife, contabilidade, escambal. Amanhã quero um novo porteiro pra noite. Um que se amolde aos “novos tempos”. (Risos desbragados...)

quinta-feira, 28 de abril de 2011


 
O demolidor de mitos

Por Batista de Lima

A poesia do Poeta de Meia-Tigela se alicerça sobre os escombros da mitologia lhe incutiram ao longo dos anos mas que ele preferiu escrafunchá-la nesse seu mais recente livro. O livro tem como título "Concerto nº 1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema". Ainda tem um subtítulo "Combinação de realidades puramente imaginárias". Fica assim o leitor, logo de início, encafifado com essa volúpia verbal que parece não dizer nada mas termina por dizer tudo.

O primeiro mito que ele destrói é o seu próprio nome sacralizado na pia batismal e referendado no cartório de registro civil. Como não foi nome da sua escolha, ele então mudou para Poeta de Meia-Tigela. Só há um momento do livro em que aparece seu nome oficial: Alves de Aquino. Mesmo assim, o primeiro não aparece. Após esse desfazimento da veste antiga, ele começa fustigando Shaskepeare no seu "Sonho de uma noite de verão", e tange Dante das profundas dos infernos às delícias do paraíso no mesmo itinerário do poeta Virgílio no momento do seu resgate. Isso tudo levando a tiracolo Antônio Conselheiro e a procissão de seus beatos. E pode não ser nada disso, mas sugere.

Meia Tigela é um poeta semiótico. E quem não é? Mas no caso dele os signos verbais são transformados em não verbais através da desconstrução que opera sobre metáforas cansadas de tanto uso. Ele dilapida conteúdos, destrói fórmulas e endoida leitores.

Não é bobo, no entanto, esse poeta de tigela e meia. Chamou logo para prefaciar seu livro o professor Sânzio de Azevedo, maior conhecedor da Literatura Cearense e exímio desmontador de formas e fórmulas poéticas. Por isso que o professor Sânzio ficou "Antes dos Versos", diante da parafernália literária que Tigela derramou ao longo das 343 páginas do livro que a Expressão Gráfica Editora teve coragem de editar. Afinal, nem Osman Lins tanto ousou.

Para posfaciar esse seu libelo poético, ele conseguiu a adesão de Nilto Maciel, guru dessa mais recente geração de escritores cearenses. Nilto o classifica, acertadamente, logo no título, de "Vampiro". Depois verifica que para ler esse "Concerto" é preciso participar da brincadeira, do jogo que o poeta instaura. Para entrar nesse jogo é preciso entender de brinquedos verbais. Nesse comportamento lúdico, Nilto Maciel, diferentemente de Sânzio de Azevedo, deixou de lado a forma para mergulhar no conteúdo, fez muito mais uma análise no nível da metáfora. É aí que constatamos, como diz o crítico, que essa desconstrução tigeleana começa da mitologia grega e vem ao horóscopo dos jornais atuais.

Meia Tigela dilapida velhas construções à moda Alcides Pinto, Carlos Emílio Correira Lima e Gerardo Melo Mourão. Ao mesmo tempo reconstrói a seu modo a terra arrasada, inclusive fustigando a alienação ortográfica a que se submetem escritores tradicionalistas. Modifica a grafia dos vocábulos, dando-lhes uma forma mais convincente que aquela que eles oficialmente portam. Quando ele escreve "abissurdo" está bem mais próxima a grafia do seu som, do que na versão dicionarizada. O mesmo acontece com "iguinora" e com outras palavras dos poemas. Fica então patenteada sua vocação motivadora de signos. Desconstruir arbitrariedades verbais é dar uma função metalinguística inovadora às palavras.

A partir dessas desconstruções, pode-se pensar enganosamente que a função de sua poética é apenas deletéria daquilo que por aí está posto. Ledo engano de quem assim pensar. Meia Tigela tem o domínio dos versos nas suas feições mais tradicionais. No segundo movimento de seu "Concerto", quando ele trata de "Os prisioneiros", é impressionante o seu domínio do soneto clássico. "Achando pouco tal demolição", seu estro se volta para a confecção de sonetos clássicos de forma decassilábica até em rimas ABBA, ABBA CDC DCD como em "De virtude", um poema lapidado à beira da perfeição. É aí onde o leitor precisa parar e se extasiar com a eloquência do poeta.

Até sua depressão é eloquente. Afinal, é no seu momento de melancolia quando entra em cena o vampiro enfadado de dar conselhos. É então que todo um vocabulário é posto de oitiva para servir à tristeza: "merencório", "penseroso", "esquizofrênico", "misantropo", "anacoreta", "tartamudo", "macambúzio", "encabulado", "abirobado", "atarantado", "azarado", "songamonga", "mocorongo", "nefelibata", "rastaquera", "sotrancão", "estercorário" e por aí vem uma desvampiragem escorrendo pela eloquência de uma autoestimada zerada. Essa insônia constipada que vê a porta mas não vê a chave, se esvai pelas frechas e contamina o leitor, levando-o também a essa "vidinha solidã".

Esse livro do Poeta de Meia-Tigela é tão contaminador que o próprio autor a certa altura de sua trajetória criou um compartimento chamado de "Mantenha Distância". Depois ainda prega o aviso: "Este poema está temporariamente programado para não receber chamadas". Mais adiante ele chega a suplicar: "Leitor amigo, por que insistir em ler? Quando bastaria me olhasses adentrolhos?" Essa tentativa de afastar a aproximação do leitor da sua poesia é pura ciumeira. Depois da obra pronta, beirando a perfeição, o poeta se narcisa, se enamora do que fez, à sua imagem e semelhança, convence-se de que criou uma bela obra de arte e agora não quer dividir o prazer de possuí-la com seu concorrente leitor. Isso tudo mostra que esse Poeta de Meia-Tigela é poeta de muitas tigelas e meias.

Diário do Nordeste – Caderno 3 – 26/4/11

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ENTREVISTA COM SILAS FALCÃO

Bazar das Letras, no north Shopping, entrevista Silas Falcão, e relança Por Quem Somos?
Biblioteca Espaço da Palavra
Av. Bezerra de Menezes, 2450
Estacionamento E-6
28/abril
18h

                BREGUEÇOS

as coisas que cato pela vida
têm coerência se postas juntas
são-me senhas, falanges diminutas
com as quais acesso mundos

o realejo renovado
a antena embutida
e um certo ranço caboclo
são descendências de mamãe

nos estilhaços encontro-me
e deixo-me a cada beijo
assim atraso a morte
por quatro minutos, dizem

tenho aberta a caixa de bregueços
cujos quando amontoados
mostrarão o segredo
da vida depois da vida


Frederico Régis
 
                                          Françoise (2009), Cristina Vergano


                                                   
                                   ESTRANHO ESPERANTO 

Para Tércia Montenegro

                                 O que eu tenho a dizer ao mundo
                                 prefiro ouvir das mulheres,
                                 no estranho esperanto delas.
                                 Sim,
                                 porque em seu idioma
                                 todas as palavras do mundo
                                 possuem aguda pronúncia,
                                 oculta profundidade.
                                 Indiverso é o significado
                                 em tão fiel dialeto.
                                 E é tão fiel o dialeto
                                 que quando elas dizem dor
                                 uma lágrima cai
                                 de seus lábios.      


        Poeta Carlos Nóbrega
                                                          
                                     A poesia em Concerto
Por Aila Sampaio

O poeta Alves Aquino, encarnado no personagem Meia-Tigela, lançou, em 2010, o livro Concerto nº1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema, cujo subtítulo, “Combinação de realidades puramente imaginadas” traduz o movimento dialético que compõe sua criação, conjugando tradição e modernidade, realidade e imaginação. É, como a Bíblia, dividido em livros, mais precisamente, em 4, cada um com 4 subdivisões. Os números assumem importâncias e simbologias que, certamente, se explicarão ao final do seu projeto.
O nome do autor abre espaço para que o leitor se perceba num território estranho, mas a alcunha que se supõe pejorativa vai, aos poucos, ganhando outras significações. Está-se diante de algo diferente, não há dúvida quando se começa a folhear o volume. A respeito da previsível interpretação de poeta de meia-tigela como um poeta de pouco valor, ou de produção insuficiente, os editores da Revista Mamífero, oportunamente esclareceram “[...] o pseudônimo 'Poeta de Meia-Tigela' não é uma autodeterioração ou subvalorização do que [ele]escreve. Sua origem tem 'um cunho social' com o qual se identifica, visto que o termo representa 'a metade da ração oferecida ao serviçal, enquanto seu senhor ganhava a tigela inteira'. Outra razão do pseudônimo é criar um personagem que seja o próprio autor e personagem de si mesmo, como o João Grilo ou Cancão de Fogo. Enfim, o uso do epíteto não é um distintivo de humildade; ao contrário, traz o Poeta um projeto ambicioso de encarnar um múltiplo personagem, criando uma bandeira dupla, uma apresentação automática para a sua obra, expressando algo inusitado. Para ele, essa é a origem que interessa, já que implica numa adesão ideológica e emocional". ("Um Poeta de Meia-Tigela", Revista Para Mamíferos N. 01, Fortaleza, 2009 - editores: Glauco Sobreira, Jesus Irajacy, Nerilson Moreira, Pedro Salgueiro, Raymundo Netto e Tércia Montenegro).
Lembrei-me outra vez de Fernando Pessoa que, no poema “Tabacaria”, diz: “Quando quis tirar a máscara, estava pregada à cara”. Personagem e pessoa se fundem, amalgamados numa poética movimentada, a que ele mesmo chama de Concerto. A obra em apreço - Concerto nº1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema - é parte de uma composição quartenária. Quatro movimentos, pois, comporão a totalidade do projeto de composição do Concerto e a cada um deles é, previamente, “atribuído um elemento, bem como uma função psíquica, no intuito de estabelecer – dentro da totalidade, uma personalização e individuação dos seus momentos constitutivos”, como explica o próprio autor no final do livro.
Contemplamos, no volume citado, o 1º Movimento - Quarto Minguante (1/4), cujo elemento é terra, e cuja função psíquica é o pensamento. As outras 3 virão, posteriormente, quem sabe em formato idêntico, para compor o Concerto completo: 2º movimento, fogo e sensação; 3° movimento, ar e sentimento; 4º movimento, água e intuição.
Essa ordenação, esses liames tão arquitetados, demonstra um trabalho consciente, mais que isso, uma proposta de Obra Ampla. A miscelânea de formas, em versos livres ou metrificados, o que varia de acordo com o conteúdo, obriga o leitor a ativar-se e a interagir com os textos. A ordem é estabelecida, mas logo se foge dela. Assim, em ritmo sempre inusitado, os textos se sucedem, revisitando o clássico e as mais variadas vanguardas, sem, entretanto, moldar-se a qualquer delas. Do Concretismo, se absorve a palavra-coisa, o aproveitamento do branco da página; da poesia-práxis, o movimento, a ação imposta à palavra; do poema-processo, a desnecessidade da palavra, o poema-imagem... mas é inútil ao leitor a criação de expectativa em relação ao que virá depois.
A pluralidade de estilos conjuga-se ao diálogo perene entre as artes, de modo que a música que compõe todo o concerto está em consonância com as imagens, os poemas e a teatralização. O poeta narra, disserta, compõe versos, fazendo dialogarem Homero, Dante, Goethe, John Mílton, Dostoiévski, ora com sinceridade, ora com ironia, brincando com as palavras ou levando-as bem a sério, articulando um estilo pessoal, embora bebido de muitas fontes.

Concerto não é, pois, uma viagem, um lance intuitivo, mera aventura com a palavra e suas possibilidades. É um projeto de composição ambicioso, com trabalho de linguagem e articulação entre o clássico e o popular; a brincadeira e a verdade. Palavras e cálculos matemáticos, lirismo e antilirismo, construção e desconstrução fazem a caleidoscópica poética de Meia-Tigela, sem dúvida, sangue novo para tirar da inércia a fina veia da poesia brasileira contemporânea.

Dois poemas do Concerto:

Sim! Déspota deposto, adeus ao trono,
Adeus ao cetro, adeus poder benquisto!
Fui Outro e a contragosto virei isto,
Este, só, sem padrinho, sem patrono.


Pior: eu e Abadon neste abandono.
Ao redor o reinado carcomido
De antigo rei, também ele podrido.
Ato nenhum de amor em seu abono.


Nada tem quem de tudo já foi dono.
Se não cai, encanece meu cabelo.
No velho espelho — um velho — e horror é vê-lo.
Que de melhor me ocorre é sentir sono.


Parabéns para mim: completo um cron.
 O próprio Tempo, ao ver-me, se estarrece:
“Que me ultrapassa em séculos, quem esse?”.

Nada-perene, sou não ser. Outono.


(Extraído do "CONCERTO Nº 1NICO EM MIM MAIOR PARA PALAVRA E ORQUESTRA", 1º Movimento, Livro 1, Seção 1)


Que dizer há muito,
Mas dizer sem boca.
A garganta é rouca
Para tal assunto.

Assunto, coitado,
Que fica onde está.
Nenhum verso dá
Conta do recado.

Recado sisudo
Que morre na toca.
A palavra é pouca,
Não toca o profundo.


(Extraído do "CONCERTO Nº 1NICO EM MIM MAIOR PARA PALAVRA E ORQUESTRA", 4º Movimento, Livro 1, Seção A)

                                               Fronteira

Pedro Salgueiro para O Povo

O vasto horizonte mirado com angústia: primeiro as sobrancelhas cerradas, a mão em pala; depois os óculos claros, vislumbrando ínfimos detalhes; mais além o binóculo rápido; e por fim a luneta de tripé apoiada no peitoril da janela. (A porta da frente travada, os galhos ressequidos sobre o muro.)
Em cima da mesa, o antigo manual de técnicas de fuga, de caminhos alternativos, de atalhos perfeitos. Aos seus pés a gasta bússola, mapas encardidos e rabiscados nos trópicos. A xícara de café esquecida; a bagana de cigarro inútil nas cinzas. (Quanto mais longe... — o país distante, um mundo imaginário, paisagens de televisão.)
Os olhos peritos não enxergam mais os pés sujos, as unhas compridas, o filete de baba maculando o colarinho, as baratas no canto escuro do quarto. No quintal o verde úmido dos musgos, o tronco seco da goiabeira, os cacos de telhas trocadas no último inverno.
Rangendo leve, a cadeira de balanço da companheira triste, também esquecida dos filhos distantes, a esperar eternamente pelo retorno das andorinhas, o cantar dos galos nos quintais vizinhos, rezando uma prece em silêncio, no mais absoluto silêncio...
Por último, cavou trincheiras no jardim e montou observatório no galho mais alto da ingazeira do quintal. Canto algum ficou descoberto de um possível ataque. Testou todos os alarmes, checou lunetas e binóculos, lustrou a velha espingarda. E nem se deu conta de que o adversário, zeloso de seus cuidados, se infiltrara há muito em sua guarda, já organizava junto com ele as mil situações de defesa, sussurrando em seu ouvido opiniões absurdas, desfocando lentes, cuspindo debochado no assoalho da sala enquanto ganhava a confiança de sua companhia. (Se não olhasse para tão longe já o teria visto, de sorriso maroto, destampando as panelas no fogão.)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

                        
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ANA MARIA FURTADO NÉO é professora de língua Portuguesa e Literatura e Coordenadora de Área no Colégio Santa Isabel. Ministrou aulas na área de linguística e Literatura no projeto Magister, da UFC. Trabalha em diversos núcleos da UVA, é consultora da SEDUC e assessora pedagógica da Revista Pense!
Publicou:
1. Uma Epopeia às Avessas – Análise do livro O Feitiço da Ilha do Pavão;
2. Vermelha de Raiva: um conto sem fada;
3. Amarela de Dúvida: um conto da era digital;
4. O Mundo da Lua; Lengalengas: parlendas recontadas;
5. Um Ser(tão) Patativa.
O texto de Ana Néo torna-se mais importante quando investe em duas categorias de análise: a carnavalização da nossa História, revelando deste modo a inversão dos valores estabelecidos, como crítica da realidade; e a incursão pelo gênero fantástico, onde tudo é possível no poder do imaginário, construindo, assim, uma poética da incerteza, em que se pensa o impensável, sem, entretanto, confundir realidade e sonho.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

       Conto de Raymundo Netto para "Os Acangapebas"
                            
                                                Subverso

Horas. Horas. Horas.
Insistia o relógio na parede: desista, homem!
A manhã sobranceirava à ruína da caneta embotada há tempos.
Imerso num oceano de sem-ideias, o gramático se rendia à evidência:
“Não consigo escrever... Logo eu?”
De fato, descobria-se engaiolado entre velhas regrinhas endurecidas da palavra. O rigor afetado e a gramatiquice quase não o deixavam pensar. Tinha ele a mania de concordar com tudo, tropeçar em vírgulas, falar quase que soletrando. Como todo homem-nalgas, elevava a metáfora à potência logarítmica e se enfurecia com o desrespeito às conjunções; mas daí a detestar a liberdade “quase imoral” dos poetas? “Necrófilos!”, afirmava.
Escrevia, escrevia, escrevia... direto ao cesto de papel. Nada o contentava. Nada, nem significado nem significância.
Naquele dia, porém, desbastou-se em sua mágoa vernácula. Pegou o caderno repleto de imbróglios de norma culta e, suspendendo-o à janela, pôs-se a sacudi-lo, furioso, esparramando toda aquela gramaticagem no jardim, até deixar suas páginas completamente em branco. Por outro lado, a grama, agora adjetivada, estava verde, linda, sublime e viçosa.
Em sedição contra o dogma, gizou, na parede mesmo, um círculo que chamou de “ó”. Afastou-se, estendeu o braço e o polegar, fechou um olho, voltou à parede. Ladeou seu “ó” de letrinhas imbricadas e ponteou, ponteou, ponteou finalmente. Alucinou: enquanto o mundo gira, somente as estátuas ficam paradas. Na parede, apenas:
“Oras. Oras. Oras.”

quinta-feira, 14 de abril de 2011


                                                    
              ACEPÇÃO

O substantivo amor
Despe a flor em um dos jardins
Que levo dentro de mim
E líquido faz-se invasão
A córregos e segredos

Em rodopio revela
O mito da vida

Até então estátua
O amor – palavra contida
Amplia pétalas e gestos à luz
E à guisa de pleno sol
Seduz meu pensamento

A nuvem amor
Guarda a Estrela
Em um dos céus que fogem de mim
E alado expande-me
Horizontes e órbitas

Em cruzeiro mostra
O sentido da vida

Que crata palavra é o amor!
(Aluvião do espírito)
Surge na planície do cansaço bom
E difunde o idioma das longas conversas
Que tenho com Deus


Frederico Régis Pereira

quarta-feira, 13 de abril de 2011



Por Elias de França

A noite de sábado, dia 09 de abril, em Crateús, foi movimentada pelo lançamento de dois livros: "Açucena não é flor que se cheire", de Lourival Veras - ilustrado por Eduardo Azevedo, e "Histórias de Roça: ciranda, cirandinha, venham monstros ciradar", de Elias de França - ilustrações Daniel Diaz. As duas obras foram vencedoras do Prêmio Eduardo Campos de Dramaturgia - Edital Prêmio Literário Para Autor Cearense, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
O Evento aconteceu no Teatro Rosa Moraes e superlotou aquela casa de espetáculo. Estiveram presentes admiradores das letras de Crateús e outras cidades da Região, alem dos Escritores: Pedro Salgueiro, Bernivaldo Carneiro e Silas Falcão, que vieram da Capital, e Luciano Bonfim, de Sobral, para prestigiar a festa das letras em Crateús.
Os autores e obras foram apresentados pela professora e arte-educadora, Adriana Calaça, que apresentou Elias de França e sua obra, e pela atriz, pedagoga e produtora cultural, Karla Gomes, que apresentou o livro e o autor Lourival Veras. Falaram tambem sobre os autores e suas obras os escritores Pedro Salgueiro e Luciano Bonfim.

                       Esquerda, Eliás de França e Lourival Veras
                                    

                                                                           
Luciano Bonfim



                                    TEATRO NO TEATRO

O lançamento dos livros, ambos de gênero dramatúrgico, já que tratam de textos/roteiros para peças de teatro, foi alem da costumeira noite de autógrafos e exibiu uma belissima perfórmance teatral, baseada em trechos de ambas as peças, estrelada pelos atores/atrizes da terra: Teodora Calaça, Socorro Siqueira, Maria de Jesus, Welington Lira, Márcio Renê e Vânia.
Com a palavra facultada, vários convidados se pronunciaram, dando ênfase à importância de eventos como aquele para a Cidade e região, bem como a utilização do Teatro da Cidade como palco de atividades artístico-culturais, para as quais se destina.


                                               Karatiús


Pedro Salgueiro especial para O POVO

Há quase quinze anos não ia a Crateús, localizada no centro-oeste de nosso Estado, que sempre foi uma espécie de sub-capital da região em que nasci, porque antes de ser fácil se viajar para Fortaleza, as cidades menores (como a minha Tamboril) resolviam todos seus negócios por lá.
Eu adorava quando meu pai ia comprar sola, vaqueta e outros utensílios para sua pequena sapataria. Era oportunidade para encontrar revistas em quadrinhos e, principalmente, a saudosa Placar, que corriam nas mãos dos amigos o resto do ano.
Voltei a convite dos escritores amigos Lourival Mourão Veras e Elias de França, que fariam lançamento conjunto de suas ótimas peças de teatro (respectivamente, Açucena não é flor que se cheire e Histórias de Roça – ciranda, cirandinha, venham monstros cirandar; as duas premiadas pela Secult em seus editais de Literatura). Então fomos, eu e os amigos Bernivaldo Carneiro, Luciano Bonfim e Silas Falcão, desbravar sertões juntos em direção às antigas terras do Piauí.
Além de rever os dois amigos e participar de uma noite de autógrafos com quase 350 pessoas, tive a oportunidade de visitar a Casa de Arte e Cultura João Batista, capitaneada pelo grande Edílson, de ouvir as valorosas memórias futebolísticas do Aldo (que, junto com seu irmão Ari e uma geração de ouro, ajudaram a construir a história do futebol da cidade e da região) e conhecer mais de uma dezena de pessoas inteligentes e simpáticas.
Achando pouco ainda fomos a um saboroso almoço sertanejo na residência da linda família de Elias de França, depois tomar cerveja com tilápia acompanhando o movimento do trenzão em frente à Praça dos Pirulitos e do trenzinho do Louro da Cruz carregado de crianças e sonhos.
P.S.: Antônio Elias de França é crateuense nascido na localidade Arvoredo, no distrito de Santo Antônio, e autor de livros de poesia, teatro e literatura infantil, além de músico e artista plástico. Vencedor de diversos prêmios e festivais.
Lourival Mourão Veras é dramaturgo, poeta e contista nascido e radicado em Crateús. Tem marcante atuação nos movimentos culturais de sua terra, onde, em cima de sua alada cadeira de rodas, é referência há várias gerações.




terça-feira, 12 de abril de 2011

13 de abril – Comemore o Aniversário de Fortaleza, presenteando-a!


Um Conto no Passado: cadeiras na calçada, de Raymundo Netto— Romance ganhador do I Edital de Incentivo às Artes da SECULT (2004) —
“Uma história de amor em Fortaleza... a Fortaleza, Um Conto no Passado: cadeiras na calçada é um resgate memorialista de todo um povo que viu (e vê) e que viveu (e ainda vive) o crescimento dessa cidade.
A história de Américo Lopes, um cearense comum que, buscando o amor, descobre e é envolvido pela ternura da cidade em que nasceu.
Ler o Cadeiras na Calçada é como encontrar um ente querido que a gente não vê há muito tempo.”
              
       Sobre o Cadeiras na Calçada, por leitores (depois, amigos):
Vi muitas qualidades em seu livro, Um conto no passado. É extremamente bem estruturado, e a estruturação de um romance é o trabalho de inteligência, é a construção do livro em si, portanto, imprescindível, embora muitos autores jovens se “esqueçam” de realizá-la. Gostei da sua ideia, pois atrai-nos com uma trama de amor relacionada ao tempo e ao espaço, enquanto nos vai levando pelos meandros da história da cidade, que é a sua cidade natal, o que constitui também uma experiência de construção do passado do autor, ou seja, de seu passado, e de sua personalidade literária. Funciona de certa forma como guia sentimental de uma Fortaleza ainda em flor, repousante, repleta de praças, jardins, belas casas brancas banhadas de luz. O livro recupera de forma graciosa alguns dos costumes da população, como o banho-de-bica, o sentar-se na calçada em frente à casa, ao entardecer, ou a maledicência bem humorada, típica do cearense.
A linguagem é rica, embora pareça singela. Contém ecos de autores cearenses, e um bonito registro da fala local. Reutiliza técnicas de José de Alencar, por exemplo, e por vezes faz lembrar a contenção de Rachel de Queiroz. Tem a leveza da crônica, mesmo sendo uma novela, ou, como você mesmo intitula, um “conto”. E possui uma ingenuidade provinciana que encanta, além de combinar perfeitamente com a época descrita (...)
Ana Miranda (Escritora)

Raymundo Netto me enviou seu Um conto no passado:cadeiras na calçada que eu passei a ler por causa de um pedido seu, feito pelo telefone, para que eu assim o fizesse.
Qual não foi a minha surpresa ao ler textos deliciosos, com uma história encadeada e “bem bolada” em cima de nossa cidade e sempre acompanhada de rodapés alinhavando a ficção ao real histórico.
De parabéns está Raymundo Netto pelo seu excelente trabalho e parabéns estão os que têm a oportunidade de se deleitar com o seu livro que é pequeno por fora e grande por dentro.
Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) (Pesquisador e divulgador da cultura cearense)

Meu caro Raymundo Netto, recebi o seu livro e o li com grande interesse, encontrando nele um escritor que promete ser, muito cedo, uma real expressão da Literatura Cearense. Acreditando em seu talento envio-lhe um cordial abraço.
Artur Eduardo Benevides (Poeta, Presidente de Honra da Academia Cearense de Letras)

Gostei muito do seu Um Conto no Passado. Como sou apaixonada pelo Ceará, por sua literatura e sua história, senti-me dentro do livro, vendo e vivendo a história do Américo. Você foi muito feliz na estratégia narrativa: criou um personagem fictício, o Américo (pelo menos é o que eu suponho, estou certa?), e através da vida dele, contou muito sobre a nossa terra, tocando em fatos históricos, costumes, acendendo a memória para a nossa música, nossa literatura, sem esquecer os registros lingüísticos peculiares à travessia temporal que faz. É um romance leve, gostoso de ler, com uma linguagem clara e precisa. O título já remete às lembranças de um tempo ido, saudoso; é lindo! Senti-me em outra época, revisitando nossa história e nossa cultura. Obrigada pelas emoções que me proporcionou.
Aíla Sampaio (Professora de Literatura Cearense na UNIFOR)

Li, agradavelmente surpreso, as páginas iniciais de Um Conto no Passado, de autoria de Raymundo Netto e me arrisco a recomendar tal livro pela alta qualidade literária.
Lustosa da Costa (jornalista e escritor, em sua coluna do Diário do Nordeste)

(...) Raymundo Netto, no entanto, reconstrói esse contexto devastado. Restaura a antiga paisagem, usando seus “chinelos de cordovão”, como fazia aquele esperto novo rico personagem machadiano. Depois acende um candeeiro para verificar as rótulas das janelas, as taramelas das portas, os punhos das redes, feitas com algodão do Seridó. Vai em seguida à Pensão de D. Amélia Campos, sem esquecer uma passada no Café Java para um dedo de prosa com Antônio Sales e Mané Coco.
Isso torna-se possível quando o jovem escritor, de posse de seu candeeiro de porcelana com manga de vidro, começa a clarear um passado que teima em se esconder na penumbra do tempo. Daí ele se dirige de fraque e com o cabelo besuntado de brilhantina para um baile na Itapuca Villa, na Guilherme Rocha, um pouco antes do aristocrático Jacarecanga, onde o morador se distinguia pelo tamanho do seu bangalô ou pelo número de compartimentos de sua mansão. É então que todo um clima da belle époque fortalezense é criado pelo autor ao som da música “Ontem ao luar”, tomando champagne, usando pincenê e transitando na rua de cabriolet (...)
Raymundo Netto consegue estabelecer um diálogo da ficção com a realidade. Para que o real se imponha sobre o ficcional ele acrescentou à sua narrativa, imagens fotográficas da Fortaleza histórica. Ícones da arquitetura fortalezense ilustram quase todas as páginas do livro e conferem ao leitor a possibilidade de, mesmo enveredando pelo enredo fictício, não desgrudar do nosso patrimônio cultural (...)
Finalmente chega-se ao final do livro como quem acaba de fazer um passeio pela Fortaleza dos tempos idos. Pensa-se tratar-se, o autor, de um velho fortalezense revivendo seu passado. Raymundo Netto, no entanto, ainda não chegou aos quarenta anos. É, todavia, amante desta cidade. E sofre com a sua descaracterização. Daí justifica porque escreveu o livro. “Escrevi porque me dói no coração o abandono e a ingratidão mesquinha por parte dos filhos dessa cidade que não aprenderam a amá-la... É a nossa Fortaleza como uma mãe esquecida.”
Batista de Lima ((Professor de Literatura, membro da Academia Cearense de Letras) para a sua coluna no Diário do Nordeste)

Raymundo,é uma história tão real, que pensei sua autobiografia, mas vejo que você é um menino-véio, sem idade para tanta coisa. Uma bela pesquisa!
É tudo muito bonito. Dona Olívia, que mulher. E o velhote, já quase cego, as cenas são pungentes.
As casas da Barão de Aratanha, bem estreitinhas, bem miudinhas. Conheço-as! Parabéns.
Soares Feitosa (Poeta, criador e mantenedor do Jornal da Poesia)

Se eu tivesse um filho de 9 - 10 anos eu indicaria para ele ler o Um conto no passado; Se eu tivesse um amigo distante que quisesse conhecer Fortaleza, eu indicaria Um conto no passado; Se uma pessoa me perguntasse, gostaria de ler um livro, por onde eu começo, eu diria: por Um conto no passado; Se minha avó pudesse ler ainda, eu levaria para ela Um conto no passado; Se quiserem saber como foi meu domingo, li Um conto no passado; Parece até bobagem fazer essa lista, mas fazia muito tempo que um livro não me transmitia uma sensação tão boa assim.
Carmélia Aragão (escritora, mestre em Literatura)

Honra-me Raymundo Netto com o convite para opinar em torno do seu primeiro livro Um Conto no Passado:cadeiras na calçada. O livro foi feito no transbordamento de lembranças, mergulhado na saudade, relembrando dias iluminados da nossa Fortaleza antiga.
A lembrança é centelha de luz que ilumina nossa alma e Netto foi iluminado pelas estrelas, chegando ao melhor equilíbrio da grandeza de seu espírito, como se encontrasse uma história em cada esquina, resgatando a memória de uma Fortaleza saltitante, como uma menina de tranças a espalhar poeira do tempo, encobrindo a luz vinda do farol que iluminava a praça.(...)
Raymundo Netto conhece o encantamento do lirismo e a leveza da linguagem no transbordamento do seu coração. Descrevendo histórias do passado, protagonizou o personagem Américo, padronizando os textos tão bem vividos que se eternizaram em sua vida. (...) E, no desfilar das lembranças, enternece nossa alma com tantas histórias lindas, com fotografias da época saudosa, da Fortaleza, seus costumes e vivências, enriquecendo ainda mais a cultura cearense. Resgatando o passado, você reviveu os festejados escritores e poetas no esplendor do encantamento nas noites de luar, das violas e seresteiros, que fizeram de Fortaleza verdadeira ilha de poesia.
Raymundo Netto despontou no patamar da cultura com uma bagagem literária de grande envergadura, trazendo ao leitor um livro de maior relevância, consolidando a sua posição de aplaudido escritor.
Maria Orildes Sales Freitas  (jornalista e escritora, membro da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno)

Meu caro Raimundo Neto, gratíssimo pelo seu livro Um Conto no Passado, que acabo de ler com imenso prazer e proveito. Você sabe fundir com muita competência ficção e memória; é um esteta da palavra que sabe movimentar os signos da escritura literária. A técnica de fundir fatos, fotos e história com ficção dá ao seu livro um caráter de indiscutível pós-modernidade artística. Li o seu livro com coração de leitor e o olho de crítica. A literatura que você nos transmite é um grande achado. Parabéns pelo registro e o reconhecimento dos afetos familiares e também pelo registro da tradução e daquilo que ficou na sombra, mas é parte substancial do movimento da vida.
Dimas Macedo - (poeta e membro da Academia Cearense de Letras)

Amigo Netto, li seu livro no avião, mas deveria ter lido no avião que foi e não no que voltou para que eu pudesse dar um "rolé" com você pelo centro de Fortaleza! Acho que se daqui a 100 anos fizerem um filme sobre Fortaleza seu livro vai servir de referência. Gostei. Gosto dessas reminiscências, os rodapés... li tudo!
Nicolas Behr (poeta, representante da geração mimeógrafo, e ambientalista em Brasília)

Caro Raymundo Netto, recebi o seu livro Um Conto no Passado. Obrigado.
Interessantíssimo. Cadeiras na Calçada era o que fazíamos todas as noites na rua D. Manoel. Você me fez lembrar de coisas boas da minha infância... Todo dia leio um capítulo e viajo... Parabéns e um forte abraço.
João Scortecci (poeta, editor e produtor cultural em São Paulo)

Caro escritor Raymundo Netto, meu muito obrigado pelo envio de seu livro Um Conto no Passado. Comecei a lê-lo, logo assomou-me à boca o néctar da boa narrativa.
Parabéns, Fortaleza merece tão bela homenagem. Um grande abraço do seu admirador.
Clauder Arcanjo (escritor, em Mossoró-RN)

Meu prezado Raymundo Netto, admiro a sensibilidade com que abordas as diversas faces da cidade de Fortaleza, alguns de seus dados históricos, seus costumes, seus traços arquitetônicos. Isto, para mim, ficou bem patente quando li teu livro. Gostei muito do subtítulo Cadeiras na calçada. Confesso que este subtítulo foi a coisa que mais me puxou para dentro do livro, foi o que mais me convidou a me deter e examinar palavra por palavra, frase a frase. (...) Confesso que não conheço a fundo a história da tua cidade. E não saberia dizer até aonde vai o real e até aonde vai o ficcional nos teus personagens e nas tuas histórias. A única certeza que tenho é que teu livro me comoveu. Eu, que estive em Fortaleza recentemente e pude ver in loco algumas coisas lindas, alguns monumentos e peças arquitetônicas de indubitável beleza. Os poucos dias que passei em Fortaleza me fizeram compreender tua ternura, teu afeto pelas coisas da tua cidade. Teu livro é um atestado de amor.
Dora Limeira (Escritora e membro do Clube do Conto, João Pessoa-Pb)

Confesso que essa obra despertou em mim não somente o imenso desejo de conhecer cada lugar muito bem apresentado, mas também me fez parar de fazer coisas importantes para saber se, enfim, o Américo reencontraria a Olívia ou não. Costumo não gostar muito de obras que terminam como gostaríamos normalmente, e nessa aconteceu isso, ou seja, não teve o clássico final em que terminam juntos e felizes para sempre. Digo que teve um quê shakespeareano.Vislumbrei todo o sofrimento de Américo e consegui sentir uma repulsa nitzscheana por Daniel, mas ainda bem que tiveram o que mereceram, ele e o pai. Creio mesmo que o amor verdadeiro para se cristalizar e se eternizar, de fato, não pode ser realizável a luz do dia e aos olhos do mundo. Essa foi a minha impressão dessa obra magnífica.
Kelykarine Costa (artista plástica e historiadora, Goiás)

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