quarta-feira, 19 de outubro de 2011




                                     Ao espírito do tempo

Carlos A. Nóbrega

Que bom te ter de volta, Espírito do Tempo
Admiro-te porque pulsas no pulso erguido de qualquer um
Tu que vens dar nomes próprios às Primaveras
tu que rasga os dinheiros e a certeza
tu que desvia os rumos e a mim mesmo
tu que é estranho brutal e destrutivo
tu que jogamos pedras nos tronos, e incendeiam as catedrais
tu que nutris de medo a ereção covarde dos canhões
            Deixai perplexo o olhar irônico dos fardados
tu que vens sempre sem ser chamado
tu que te acende
quando se pensa que a vida humana é só patinhar nas cinzas do passado
           Revira as tripas dos mandões
ó Espírito Irresponsável Que Só Sente
Sede bem vindo
porque tu me exproprias do meu mau conforto
Eu te saúdo
porque extirpas de mim os dias mal acostumados
            a dizer que sim
A ti empresto o meu suor e minhas palavras de desordem
A ti, ó instintiva, inevitável ecdise da nossa espécie.

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