sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


                            SOBRE O FREDMUNDOPOÉTICO

Por Silas Falcão

Amigo e poeta de minha extensa afeição, o nobre Nóbrega afirma, neste livro, ser o poeta a antena da raça. Frederico Régis, amigo extrovertido – os ecos dos seus sorrisos de volumosos decibéis não se diluem de nossas memórias – retornando aos leitores com este Enquanto somos, ratifica essa capacidade que os seres humanos especiais têm de captar minuciosamente o entremundo das coisas e traduzi-las engenhosamente por códigos poéticos.
O Peixe transparente é exemplo de antena poética do Fred. “O peixe transparente/é parente/do caco de vidro/mas é vivo (...) /o peixe transparente/inofensivo/passa despercebido/entre pedras/ (...) /o peixe transparente/só é visto/se vai á festa/e fica colorido”.
Neste livro o autor publica novos sentimentos, memórias e emoções. No capítulo O Ninho, fui abraçado pela alma da poesia Mãe, onde o poeta declara seu amor materno: “Enquanto tu ainda dormias/quem teria a ideia/de preparar-te/a escova de dentes/sobre a pia?”. Em A ponte, reli com muito apego Fortaleza, poesia em que o autor imprime heranças da cidade de Fortaleza que lhe fabricava “o olhar e o espanto/e um jeito sutil de dizer/Absurdos/Enquanto constrói nova civilização”. As memórias – a herança – entre estas as dos seus pais em seus ritmos ininterruptos movimentando o cotidiano, é que instiga o poeta declarar: “Isso é tudo que tenho”.
Frederico desafia a mesmice, principalmente na criatividade dos palíndromos. O poeta Manoel de Barros nos encanta quando canta: “Perdoai/Mas eu preciso ser Outros/Eu penso renovar o homem usando borboletas”.  E O coisa, Fred se reafirma como ser humano, usando borboletas: “Não é porque não posso mudar o mundo/Que vou ficar contra tudo/E entregar a cesta de frutos//Sempre que vou ao espelho/Trago algo por reformar/Sou o zelador de mim”.
Os nove capítulos do Enquanto Somos são disponibilidades afetivas de caminhos novos, inesperados e originais. O espaço da orelha do livro é grão, mas destaco também as poesias Arquivo, Irmã, Manifesto, Pai, Autismo, Dispersão, Pinacoteca, nas quais são anunciados variados temas, às vezes ariscos, e em ritmos diversos. O autor, em sua modelagem poética, nos sensibiliza com seus versos cor de estrelas.
Este é o Fredmundopoético, fiando a vida, enquanto somos.
Agradeço ao poeta Frederico Régis pelo seu Enquanto somos, que irmana, numa só família, o meu Por quem somos? e O quanto sou, do Carlos Nóbrega.

Nenhum comentário:

Postar um comentário