terça-feira, 26 de julho de 2011


                        Quando meu amigo Lúcio Flávio se foi

Crônica de Pedro Salgueiro para o Povo

Uns choraram feito crianças (um merecido choro), afinal tinham perdido um amigo daqueles que não se encontra em calçada alta.
Outros reclamaram de Deus, por ter levado tão cedo uma alma tão boa, ensaiaram pequenas blasfêmias.
Alguns, ainda, ficaram taciturnos pelos cantos, emburrados pelos cantos, reclamando pelos cantos, lamentando pelos cantos, calados...
Eu, por minha vez, preferi fingir que ele ainda tá por aí: trabalhando, em sua mesa impecável de rapaz velho cheio de manias e humores, na Justiça Federal da Aldeota, ou bisbilhotando as coisas de seu querido (e um de seus poucos defeitos) Ceará Sporting Clube, ou indo de vez em quando ao “sebo” do Geraldo na 24 de Maio procurar um livro que emprestou a um amigo (e que se esqueceu de lhe devolver) , ou mesmo deitado em sua rede na varanda em frente ao “tanque” olhando calmamente a Rozi aguar os flamboyants no jardim.
Tanto é verdade que guardo ainda em minha agenda seus dois números de telefone, seu livro rabiscado com uma dúvida para lhe perguntar, e vez por outro releio seus últimos e-mails.
E (prometo, amigo!) qualquer dia desses respondo aquele em que você me confiava um conto falando de como tem gente estranha nesse nosso mundinho.
Ou talvez apenas telefone para deplorarmos o baixo nível técnico do nosso futebol.
Ou, quem sabe, apareça por aí para bater um papo com você e o Bivar.

P.S: Lúcio Flávio Holanda Chaves escreveu um livro sobre o Ceará Sporting Clube, Um Retrato Branco e Preto, assim como organizou a revista comemorativa dos 95 anos do alvinegro de Porangabussu; já o artista plástico Eurico Bivar deixou um legado também no teatro. Os dois foram mestres nessa difícil arte de fazer amigos.




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