quinta-feira, 29 de setembro de 2011

         

   A PLANTA

                                          Carlos Nóbrega 

Eu crio dentro de casa
uma planta triste
que é como um cão sem pernas
e cego e triste.
Já quis deixá-la à morte
duzentas vezes
pois dói olhá-la feia
e magra e triste.
Não tem o cheiro doce
das mangas podres
nem pétalas que convidassem
abelha e mosca:
Tem folhas como orelhas
(que não me ouçam)
e caule de um esqueleto
de pobres ossos.
Mal sei se ela tem nome
ou se o esqueci
como nomes têm a avenca
o croto e o cacto.
Vive em seu gueto
de barro aos cacos
e o vento lhe traspassa indiferente.
Quem vai à minha casa
olha de lado
e  critica em silêncio
o meu mau gosto.
Eu crio essa infeliz
dentro de casa
E a rego com amor
e com desgosto.

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