Posse do Carlos Vazconcelos na
Atila, Tianguá
segunda-feira, 28 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Merecida homenagem ao
Poeta. Gostei da criatividade do fã tigelérico. Dentro do poste com as vísceras
expostas, o vermelho do blog do Poeta, a expressiva curvatura do Poeta e a
homenagem. Falta colocar só a tampa de vidro protetora. rsrsr. Parabéns ao autor
da homenagem e ao Poeta.
Silas Falcão
Bairro Vila União, Sobral City, Siriará. Pichação e
Fotografia de Renan Dias
CONVITE:
Dia 30 de agosto, na reunião da ACE - Associação Cearense de Escritores, lançamento do livro A lança de Nzambi.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Dialogando poemas
Dia desse, tornamos a nos encontrar na casa do amigo Bernivaldo
Carneiro (no Eusébio), já quase um “monte Parnaso” dos Poetas de Quinta
(risos). Alves de Aquino, dito “Poeta de Meia-Tigela”, voltou ao nosso convívio
depois de quase dois anos virando mundo em busca de dulcineias. Na ocasião,
entregou-nos um folheto com poemas dele e do poeta Jorge Furtado. Um dos poemas
me chamou a atenção e tive logo vontade de escrever algo que dialogasse com
ele. E o fiz na mesma tarde, assim que cheguei em casa (e complementei hoje).
Assim nasceu “Édipo Declarado”, que ora compartilho com os amigos.
Tudo em tom de brincadeira, claro. Não se levam a sério veleidades
poéticas (minhas) rsrs
Para Tigelalves, Poeta Aquilino.
Abraço do
Carlos Vaz
ÉDIPO ASSUMIDO
(O Poeta de Meia-Tigela)
As mulheres no mundo são em número
tal que só de pensar nisso enlouqueço
Deus bem sabe o pedaço que padeço
por desejá-las todas
energúmeno
Da primeira que amei minha mãe o útero
foi a coisa a que mais votei apreço
Eis por que sempre que posso me apresso
a voltar para lá meu lar meu númeno
[entrementes
eu me escondo
eu me encontro
entre ventres]
Eis por que busco estar em casa sempre
dormitando na fêmea no seu ventre
à forma ou ao tamanho indiferente
Ela tenha saúde ou
beribéri
madura ou moça em flor sem sombra impúbere
importa é habitar seu vão seu úbere
ÉDIPO DECLARADO
(Carlos Vazconcelos)
Saudade: eis porque busco estar em casa,
meu abrigo quente, refúgio, ventre.
E sofro tanto se fico ao relento,
na pior, tão só, tristonho, “na mão”.
Sentença rasa: “Quem casa quer casa!”
Não me falte o convite: “Ai, querido, entre,
vou dar-te alimento, alento e sustento.”
O abrigo tem quarto, cozinha e um vão.
[amiúde
é meu ninho
meu caminho
ataúde]
Ontem, minha mãe, primeiro endereço,
lar onde habitei, meu regaço e berço.
E hoje, insaciado, ainda apeteço
todas as mulheres, a fruta, o cheiro;
quero degustar é o pomar inteiro.
E termino assim: poeta, solteiro.
domingo, 20 de julho de 2014
Lançamento do livro Boto cinza cor de chuva
Os adultos que lá estavam guardarão o momento em que fomos convidados a dançar ciranda e obedecemos meio sem graça, ao contrário dos meninos tão à vontade, espalhados pelo espaço, olhinhos arregalados, curiosidade aguçada como a da menina que perguntou: "Por que o boto era cor de chuva?"
No lançamento percebemos a história por trás da história de Boto cinza cor de chuva. Quem imaginaria que o irmão da simpática ilustradora serviu de modelo para algumas imagens? Quem deduziria que a história nasceu de uma conversa entre o autor e um amigo em uma tarde qualquer? Poucos sabem que para a construção de um livro é necessário pesquisar e foi assim que aprendemos: os saltitantes e lindos golfinhos da Praia de Iracema são na verdade botos (rsrs).
Sábias palavras de Raymundo: "Não que a literatura tenha a
obrigação da mensagem, mas já que estamos cercados de mensagens (e nem sempre
boas), por que não deixar uma mensagem bacana, sobre amizade?" Acrescento:
por que não deixar na lembrança das crianças e relembrar aos adultos o valor do
respeito aos diferentes porque somos todos iguais?
É isso aí, Raymundo Netto. Gostei demais daquele hiato no corre-corre de sempre. Ouvir história, cantar, dançar, reencontrar figuras como a Eudismar Mendes, apaixonada por literatura, nos faz repensar sobre o que vale a pena na vida.
Gostei demais!
Rejane
Nascimento
COPA 2014
= Oitavas de final
=
Coube ao Brasil e Chile abrir esta fase do
Mundial. Tendo como palco o Mineirão, a peleja foi iniciada às 13h00 do dia 28
de junho. O comando ficou a cargo do Inglês Howard
Webb, que sendo a cara do Zidane, se danou a nos prejudicar tornando o
jogo tão difícil quanto esperava a maioria, apesar de a Seleção ter jogado relativamente
bem.
Aos 18 minutos David
Luiz estabeleceu 1 x 0, mas um quarto de hora depois Marcelo arremessou precipitadamente
um lateral, Hulk falhou na recepção e Alexis Sanchez — que não é de dispensar
chance — empatou. O homem verde, no entanto, redimiu-se logo no início do
segundo tempo ao mandar para o fundo do barbante uma bola recebida em
lançamento e amortecida no ombro. O árbitro, no entanto, que já havia deixado
de acusar dois pênaltis a favor do Brasil (um no próprio Hulk e uma
interceptação com uma mão da zaga chilena), anulou o gol. Enquanto isso o
goleiro Bravo, fazendo jus ao nome, seguia bravamente salvando suas cores.
Fechado os noventa
minutos com o magro empate em 1 x 1, veio a prorrogação e apesar de os dois treinadores
— na tentativa de surpreender o adversário — tenham efetuado suas substituições,
não houve alteração no placar. Pois, ainda na segunda etapa do tempo normal, Felipão
trocara Fred por Jô e Fernandinho por Ramires. Jorge Sampaoli, por sua vez,
havia colocado Maurício Pinilla no posto de Arturo Vidal (quem, embora
desapeado da moto, o seu sonho de metal correra o bastante para nos atrapalhar)
e Eduardo Vargas no lugar de Felipe Gutiérrez. Já na prorrogação Oscar foi
substituído por Willian e Gary Medel por José Rojas. O ponteiro dava a
antepenúltima volta do encerramento quando Pinilla chacoalhou o travessão de
Júlio César com um potente chute. Foi aí que manifestei aos presentes, em alto
e bom tom, minha convicção: “Depois desta a vitória é nossa!” Não deu outra. Ganhamos
nos tiros diretos, ou se assim preferem, nas penalidades que puniam nosso fraco
desempenho e os erros da arbitragem. Marcaram para o Brasil: Davi Luiz, Marcelo
e Neymar. Willian chutou para fora e Bravo rebateu a cobrança de Hulk. Já os
chilenos assinalaram com: Charles Aránguiz e Marcelo Diaz. Júlio César, que
saiu de campo ovacionado, rebateu os chutes de Pinilla e Alexis Sánchez. Gonzalo
Jara carimbou nosso poste esquerdo e, surpreendentemente, a brazuca (só podia
mesmo ser brasileira para tamanho feito) cruzou toda a extensão do gol e já
defronte a baliza oposta tratou de sair pela linha de fundo.
Enfim, por culpa de
nosso anfitrião, quase dissemos adeus ao certame logo em sua segunda fase. É
que, enquanto sua esposa e filha, minha mulher e eu vestíamos verde-amarelo,
nosso hospedeiro, como sempre renitente, manteve-se o tempo todo com uma também
encardida camisa listrada que até faixas de cor preta tinha. Para ser mais explícito:
assistimos a este jogo truncado, de baixa qualidade e pouca garra, na cidade de
Fortim em casa de certo amigo sem cabelo certo. Quem, na época de Espantalho, ainda possuía uma trunfa no topo
do cocuruto; em tempos de Fortaleza
Voadora, tudo o que lhe restava da farta cobertura capilar da longínqua
adolescência, já havia voado em definitivo deixando a cumeeira do amigo —
quando desprotegida de seu encardido boné — exposta a todo tipo de intempérie.
De todos os
confrontos das Oitavas, a Colômbia foi a única que não teve grandes
dificuldades para avançar na competição. Às 17h00, também do dia 28 no
Maracanã, sem tomar gol e tendo marcado dois com James Rodriguez (um em cada
tempo) vingou nosso Maracanaço. Sem dúvida a Celeste sentiu a falta de seu
principal jogador. É que pela primeira vez Luiz Suarez, o vampiro goleador, experimentava
na prática a severa punição da FIFA pela dentada que aplicara em Chiallini da
Azurra. Qual seja: quatro meses sem jogar e ausência em nove partidas oficiais
da seleção uruguaia.
A França foi outra
que jogou melhor e venceu a Nigéria no tempo normal por 2 x 0 em jogo realizado
a partir das 13h00 do último dia de junho na Arena Mané Garrincha. Os gols
foram de Pogba em falha do arqueiro nigeriano, que até então fizera grandes
defesas, e contra de um zagueiro, já nos acréscimos do segundo tempo, porém
creditado à camisa 11 de Griezmann.
No mais, esta fase
do mundial foi igualmente difícil para as sete equipes que avançaram em
companhia de nossa Canarinho. Ainda sem me convencer: ressalto. Outro jogo decidido
nos pênaltis foi o da Costa Rica contra a Grécia. Tendo empatado em 1 x 1 no
tempo normal e atuado praticamente todo esta segunda fase e a prorrogação com
um atleta a menos os Costa-Riquenhos, a sensação desta copa, foram
surpreendentemente valentes e venceram os gregos nos pênaltis pro 5 x 3.
Já a Holanda
despachou o México com o placar de 2 x 1 em jogo realizado no calor das 13h00
do dia 29 de junho na Arena Castelão. Giovani dos Santos (brasileiro naturalizado
mexicano) abriu a contagem no iniciozinho da segunda etapa. Já nos minutos
finais do tempo normal Sneijder empatou com um chutaço da linha da grande área
e nos acréscimos Hunterlar virou o jogo cobrando um pênalti que não existiu. Pois,
apesar de Rafa Max sequer tenha lhe tocado, Robben mergulhou e o árbitro
português Pedro Proença não teve dúvida em apontar para a marca da cal. Neste
jogo o goleiro Ochoa foi um show à
parte operando verdadeiros milagres. Enquanto o Ervilinha (também conhecido por
Chichiarito) que substituiu Peralta sem nenhuma peraltice na partida, também
fez muito pouco.
As demais partidas
só foram decididas na prorrogação.
Em bem disputado
jogo, cujo palco foi a Arena Porto Alegre às 17h00 de 30 de junho, a Alemanha (uma
das favoritas para levar o caneco) só conseguiu mexer no placar durante a prorrogação.
Os gols foram de Schürrele e Özil. Djabou, que em momento nenhum fez corpo mole
nem desabou, descontou para Argélia já nos acréscimos.
Às 13h00 do 1º de
julho na Arena São Paulo (também conhecida por Arena Corinthians ou Itaqueão) a
marrenta Argentina mal conseguiu um golzinho no segundo tempo da prorrogação.
Foi por meio de um chute cruzado de Di Maria em passe de Messi, goleiro da
Suíça nada pôde fazer.
A Bélgica enfrentou
os EUA às 17h00 do primeiro de julho na Arena Fonte Nova e embora tenha jogado o
tempo todo melhor só conseguiu marcar na prorrogação. Os goleadores foram De
Bruyne e Lukaku, que apesar de muita correria, terminou longe de ser um caco. Já
nessa fase do jogo Green entrou verde de disposição e descontou. Além dos
goleadores, destaco pela Bélgica: Mirallas, que mira ellas e otras más, Hzard (apesar do nome foi um homem de sorte)
e Kompany. Pelos Estados Unidos o mimetismo de Cameron.
Bernivaldo Carneiro – 1º de julho de 2014.
domingo, 13 de julho de 2014
Memórias sonhadas
Pedro Salgueiro, Jornal O Povo
Quando li Muzungo Pululu: homem branco
transparente, do guineense radicado no Ceará, Manuel Casqueiro, fiquei tão
impressionado que saltei imediatamente da última página para a primeira: o
livro – misto de memória e ficção (que, a meu ver, andam sempre, ou quase, de
mãos dadas) – exigia uma leitura mais apurada, de leitor que não quer saber
apenas da história contada, mas dos detalhes escondidos – dos, pedantemente
digamos, subterrâneos da escrita. Reli com “olhos frios” e descobri, além do
poderoso contador de histórias vividas, um fino estilista, que buscou linha a
linha, texto a texto, a forma literária mais propícia para narrá-las.
E essas lembranças transfiguradas pela arte,
pela sensibilidade de poeta (a escritora Mariana Marques, na “orelha” de seu primeiro
livro, bem afirma que “Manuel é um poeta que narra”) e – principalmente – pela
saudade são o que de melhor nos apresenta esse cearense por adoção (o que,
devido a essa opção própria, torna mais importante sua cearensidade).
Quem vê esse “gigante gentil” desfilando
desengonçadamente por nossas ruas não imagina as tantas aventuras que ele já
viveu, desde o bairro natal Chão de Papel, em Bissau (capital da Guiné-Bissau),
passando pelas guerrilhas de libertação de Angola (ganhos e perdas de amores e amigos,
de vitórias e decepções) até chegar finalmente em terras brasileiras (e
precisamente em “terras alencarinas”, quando antes de Fortaleza ele
“perambulou” pelo núcleo progressista do saudoso Dom Fragoso: a Crateús das
Ligas Camponesas e da Educação Eclesial de Base, durante a famigerada Ditadura
Militar implantada no Brasil em 1964).
Neste novo A Lança de Nzambi é como se ele
continuasse a nos contar sua vida (e por extensão a de todos os que conviveram
com ele), a descrever suas viagens interiores e exteriores; como se apenas
perseverasse em seguir as intuitivas sugestões de seu pai, que (parecendo
adivinhar que seria ele afinal quem contaria as aventuras da família) lhe deu
na infância uma “Caneta Parker 21, preta com tampa dourada, mais 100 folhas de
papel almaço pautado”.
Mas se no livro de estreia Casqueiro já
alternava suas reminiscências públicas (sobressaindo-se estas, porém) com as
privadas, neste novo volume de narrativas, as lembranças de criança e de adulto
se condensam, se misturam, assim como o cotidiano atual se entrelaça com o poço
fundo de suas tão saudosas recordações. E essas “memórias sonhadas” trazem
ainda o tempero – o sabor meio estranho – de certas expressões das ex-colônias
portuguesas da África, dessa mistura também tão nossa, que fomos igualmente
fruto de diversas combinações genéticas, culturais...
O estilo sóbrio de contos de fadas parece ter
sido corretamente escolhido pelo autor, como se ele tivesse buscado certo “tom
neutro” que combinasse com seu jeito manso, simpático e discreto de viver sua
vida de exilado saudoso – que, através de sua arte do bem contar (como os
ancestrais narradores de velhas fábulas ao redor das fogueiras), vai nos
encantando a cada página. E o que é mais louvável para um escritor: deixa ao
final da leitura uma sensação de insaciedade, um desejo de quero mais.
Che, o duplo
Ernesto Guevara [dizem] nunca teria se tornado Che se
[em certa noite de nuvens negras de 3 de setembro de 1946] não tivesse dobrado
à direita em um beco sem nome a 50 metros da Calle Corrientes.
Ao dobrar, encontrou [segundo os dois únicos relatos a respeito, ambos
(previsivelmente) de videntes] uma garota [de brincos vermelhos e obviamente
belíssima] que levou o [desengonçado] ginasiano a passear por uma tranquila
Buenos Aires.
O Obelisco lembrou a ela do sacrifício do profeta da Judeia [segundo
ela, tão portentoso quanto inútil]: os perigos do Excesso de Retidão [disse
com seriedade mais sedutora que um sorriso]. Caminharam [ela virava o rosto ao
passarem por um solitário mendigo] com carinho e tristeza mais
profundos que a Aurora Austral – essa péssima figura de linguagem ele
a escreveu no único poema que dedicou a ela.
E sua imaginação [já ligada à dela] lhe revelou: casariam; teriam sete
filhos [nos tempos antes da pílula]; preocupações e êxtase se seguiram – e a
morte, em algum hospital em La Plata – não tantas décadas depois assim. Os
pobres não teriam seu herói – e não lhes faria falta.
Se tivesse dobrado à esquerda – mas dobrou à direita. A garota ficou a
dez metros [o suficiente para nunca se conhecerem]. Ele viu um homem pobre [e
não virou o rosto] – e o resto acabou na Sierra Maestra.
Explicam que a garota era na verdade aquele, de rabo e
chifres, disfarçado – explicação esta que nunca teve força pois o próprio Che,
ateu renitente, nela nunca acreditaria.
Esse e outros no Blog Paulo Avelino – Escritos.
Abraços,
Paulo Avelino
Paulo Avelino
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o Reino de Amhitar: http://amhitar1.blogspot.com.br
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Avelino - Escritos: http://blog.paulo.avelino.nom.br
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· Blog
da Sociedade Numismática e Filatélica Cearense: http://snfce.blogspot.com.br/
Copa 2014
= Fase de Grupos =
Embora tenhamos avançado para a fase
seguinte na confortável condição de líder do Grupo A, não tivemos vida fácil em
nenhuma das três partidas da etapa inicial deste certame. Depois do sofrido 3 x
1 contra a Croácia em que nossos atletas, por certo envergonhados com o fiasco da
solenidade de abertura pouco rederam, ficamos no empate sem abertura de
contagem com o México e vivemos momentos de sufoco na última partida. Os
camaroneses, mesmo não fazendo jus ao título de Leões Indomáveis, ainda nos aplicaram um grande susto ao empatar o
jogo quando ganhávamos pelo escore mínimo. Mas o nosso camisa 10 estava inspirado
naquele final tarde – princípio de noite. Na Arena batizada com o seu nome,
Mané Garrincha, “O Anjo das Pernas Tortas”, ou se assim preferem, o homem de
Pau Grande — distrito de Magé, RJ, decerto instigou o menino das pernas finas a
mostrar boa parte de seu rico repertório de jogadas. Já tendo sacudido o
barbante adversário aos 17 minutos, Neymar voltou a marcar ainda no primeiro
tempo. E assim, além de dar um pouco de tranquilidade às cores que defende, tornou-se
um dos artilheiros da competição. Mas, melhora mesmo só aconteceu no segundo
tempo a partir das alterações processadas pelo Técnico Luiz Felipe. Com mais um
gol de Fred e outro de Fernandinho (o substituto de Paulinho desde a volta do
vestiário), passamos a régua em 4 x 1. No mais...
Se “De onde não se
espera é que não vem mesmo”, a Fase de Grupos foi generosa em negar esse negativo
dito popular. Em meio às 15 seleções que passaram para as Oitavas de Final pelo
menos uma surpreendeu positivamente e três de forma negativa.
No chamado grupo da
morte (tendo como adversárias três seleções detentoras de sete dos 19 títulos já
disputados) os Costa-Riquenhos não perderam tempo em calar a boca daqueles que
apostavam como eles não fariam sequer um ponto. Fizeram logo seis nas duas
primeiras partidas e se classificaram com uma rodada de antecedência. Também trajando
azul, vermelho e branco, as cores do sucesso que hoje vestem cerca de 80% das
arenas brasileiras (os 20% restantes são tricolores de outras tonalidades), é bastante
fácil. Não tiveram o menor constrangimento em despachar a tetra-campeã Itália e
a campeã Inglaterra — que vez ou outra usa jaqueta em que prevalecem as cores alvinegras.
A Espanha, que logo
na primeira partida havia tomado um chocolate holandês de 5 x 1 (se pelo menos
fosse suíço, o melhor) também apanhou do Chile. E assim, antes de pegar o avião
de volta para casa (pelo que jogou deveriam retornar em lombos de saltitantes
cangurus) enfrentou a Austrália para juntas cumprirem tabela. Enfim, o temido “Bicho
Papão”, que, na tentativa de se apossar da denominação dos chilenos, chegara descartando
o epíteto de A Fúria foi um fragoroso
desastre. Os chilenos, no entanto, não abriram mão do batismo e de quebra mandaram
Iniesta e companhia mais cedo para casa. Pela primeira vez a última campeã do
mundo era eliminada logo na segunda partida da primeira fase. Um grande baque
para quem andava cheio de marra. Desde que aqui estiveram na Copa das
Confederações de 2013, como se o Brasil fosse Casa de Mãe Joana (tudo bem que o
seja, mas os deuses do futebol às vezes punem os soberbos) aprontaram nos
hotéis que os acolheram. E assim eliminados na Fase de Grupos antes de jogar a
terceira partida com apenas um gol marcado e sete sofridos, eu pergunto ao
técnico Oscar Del Bosque: em que bosque do mundo está escondido o futebol da
Fúria, que um dia pretendeu ser La Roja?
O Diego Costa, por exemplo, sergipano naturalizado espanhol, o que tomou de
vaia não está escrito em nenhum manual da FIFA. Enquanto isso Xabi Alonso era
só chave de perna nos adversários e Sérgio Ramos — com se tivesse apanhado um vento
encanado era o retrato da desorientação. Nenhum espanhol em campo acreditava no
que via e vivia.
A tetra-campeão do
mundo, a Itália de Mario Balotelli e outros, que perdeu para a Costa Rica e
Uruguai e só marcou três pontos contra a Inglaterra, foi outra vergonha. De
igual modo o selecionado português, de Cristiano Ronaldo. Mesmo com a presença
de Fábio Coentrão saiu mais destemperado que caldo de bilha. Até parece uma
maldição portuguesa: tendo em campo o melhor do mundo, os patrícios jamais passarão
da primeira fase de uma copa do mundo. Foi assim em 2002 com Figo, que sequer fez
um gol para tirar o dedo; agora com o CR7. Este, de dedo em riste na cara de quem
lhe atravessar o caminho, tendo marcado um único gol que até eu faria, teve
pouco tempo para se olhar nos telões das Arenas em que atuou, e antes gritar
“Eu estou a cá” teve que voltar para lá. Enfim, disse adeus a este país com um
aproveitamento inferior a 45% depois de sofrer uma sonora goleada de 4 x 0 da
Alemanha, um mero empate com os USA e uma magra vitória contra Gana.
Quem também não
mostrou lá essas coisas todas foram os argentinos de 16 copas. No apertado 2 x
1 contra a Bósnia-Herzegovina (que ainda marcou contra), o goleiro Romero tomou
um gol entre as pernas nascido de um fraco chute de Ibisevic. Como não sou de
desejar sucesso a Los Hermanos, não aconselho o guarda meta argentino pedir
bênçãos ao Padim Ciço ou a São Francisco. Que ele continue sem saber que
romeiro em terras tupiniquins não prospera sem uma boa romaria a Juazeiro do
Norte ou a Canindé. Depois vieram o magro 1 x 0 contra o Iran já nos acréscimos do segundo
tempo e o 3 x 2 com a Nigéria.
É de se ressaltar o
bom futebol apresentado por equipes sem tradição, ao tempo que, vendo a atuação
de alguns campeões mundiais nesta copa quase morro de saudade de meus melhores
dias de peladas suburbanas. Mas como a bola já rola há uma quinzena e eu ainda sigo
tratando o joelho (motivo de minha não convocação) sou forçado a reconhecer que
o turrão Scolari estava certo: realmente não havia tempo para eu me recuperar.
Bernivaldo
Carneiro — 26 de junho de2014