segunda-feira, 28 de julho de 2014

quarta-feira, 23 de julho de 2014



Merecida homenagem ao Poeta. Gostei da criatividade do fã tigelérico. Dentro do poste com as vísceras expostas, o vermelho do blog do Poeta, a expressiva curvatura do Poeta e a homenagem. Falta colocar só a tampa de vidro protetora. rsrsr. Parabéns ao autor da homenagem e ao Poeta.

Silas Falcão


Bairro Vila União, Sobral City, Siriará. Pichação e Fotografia de Renan Dias 





CONVITE: 

Convido minhas amigas e meus amigos a se fazerem presentes à minha palestra intitulada," A RELEVÂNCIA DA ORALIDADE E DA AFRICANIDADE NA CONCEPÇÃO DA MINHA HISTÓRIA". O evento ocorrerá no dia 26/07, próximo sábado, na reunião da ACE - Associação Cearense de Escritores, "Casa Juvenal Galeno", rua Marechal Sampaio nº 1128 - Centro, perto da Praça José de Alencar. De antemão agradeço a presença de todos. Um abraço.

Dia 30 de agosto, na reunião da ACE - Associação Cearense de Escritores, lançamento do livro A lança de Nzambi.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Dialogando poemas



Dia desse, tornamos a nos encontrar na casa do amigo Bernivaldo Carneiro (no Eusébio), já quase um “monte Parnaso” dos Poetas de Quinta (risos). Alves de Aquino, dito “Poeta de Meia-Tigela”, voltou ao nosso convívio depois de quase dois anos virando mundo em busca de dulcineias. Na ocasião, entregou-nos um folheto com poemas dele e do poeta Jorge Furtado. Um dos poemas me chamou a atenção e tive logo vontade de escrever algo que dialogasse com ele. E o fiz na mesma tarde, assim que cheguei em casa (e complementei hoje). Assim nasceu “Édipo Declarado”, que ora compartilho com os amigos.
Tudo em tom de brincadeira, claro. Não se levam a sério veleidades poéticas (minhas) rsrs

Para Tigelalves, Poeta Aquilino.

Abraço do
Carlos Vaz


ÉDIPO ASSUMIDO
(O Poeta de Meia-Tigela)

As mulheres no mundo são em número
tal que só de pensar nisso enlouqueço
Deus bem sabe o pedaço que padeço
por desejá-las todas energúmeno           

Da primeira que amei minha mãe o útero
foi a coisa a que mais votei apreço                         
Eis por que sempre que posso me apresso
a voltar para lá meu lar meu númeno

            [entrementes
             eu me escondo
             eu me encontro
             entre ventres]

Eis por que busco estar em casa sempre
dormitando na fêmea no seu ventre          
à forma ou ao tamanho indiferente          
                                                                   
Ela tenha saúde ou beribéri                          
madura ou moça em flor sem sombra impúbere
importa é habitar seu vão seu úbere             



ÉDIPO DECLARADO
(Carlos Vazconcelos)

Saudade: eis porque busco estar em casa,
meu abrigo quente, refúgio, ventre.
E sofro tanto se fico ao relento,
na pior, tão só, tristonho, “na mão”.

Sentença rasa: “Quem casa quer casa!”
Não me falte o convite: “Ai, querido, entre,
vou dar-te alimento, alento e sustento.”
O abrigo tem quarto, cozinha e um vão.

[amiúde
é meu ninho
meu caminho
ataúde]

Ontem, minha mãe, primeiro endereço,
lar onde habitei, meu regaço e berço.
E hoje, insaciado, ainda apeteço

todas as mulheres, a fruta, o cheiro;
quero degustar é o pomar inteiro.
E termino assim: poeta, solteiro.


domingo, 20 de julho de 2014









Lançamento do livro Boto cinza cor de chuva

Um dia as crianças que estavam ontem à tarde no Lançamento do livro Boto cinza cor de chuva, escrito por Raymundo Netto e ilustrado por Raisa Christina, lembrarão que cantaram a música popular: "Como pode um peixe vivo viver fora de água fria, como poderei viver sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia"; lembrarão que a história foi narrada pela Casa do Conto, se fechássemos os olhos sentiríamos até as gotinhas de chuva invadindo a sala...

Os adultos que lá estavam guardarão o momento em que fomos convidados a dançar ciranda e obedecemos meio sem graça, ao contrário dos meninos tão à vontade, espalhados pelo espaço, olhinhos arregalados, curiosidade aguçada como a da menina que perguntou: "Por que o boto era cor de chuva?"

No lançamento percebemos a história por trás da história de Boto cinza cor de chuva. Quem imaginaria que o irmão da simpática ilustradora serviu de modelo para algumas imagens? Quem deduziria que a história nasceu de uma conversa entre o autor e um amigo em uma tarde qualquer? Poucos sabem que para a construção de um livro é necessário pesquisar e foi assim que aprendemos: os saltitantes e lindos golfinhos da Praia de Iracema são na verdade botos (rsrs). 

Sábias palavras de Raymundo: "Não que a literatura tenha a obrigação da mensagem, mas já que estamos cercados de mensagens (e nem sempre boas), por que não deixar uma mensagem bacana, sobre amizade?" Acrescento: por que não deixar na lembrança das crianças e relembrar aos adultos o valor do respeito aos diferentes porque somos todos iguais? 

É isso aí, Raymundo Netto. Gostei demais daquele hiato no corre-corre de sempre. Ouvir história, cantar, dançar, reencontrar figuras como a Eudismar Mendes, apaixonada por literatura, nos faz repensar sobre o que vale a pena na vida.

Gostei demais!

Rejane Nascimento



COPA 2014

= Oitavas de final =

Coube ao Brasil e Chile abrir esta fase do Mundial. Tendo como palco o Mineirão, a peleja foi iniciada às 13h00 do dia 28 de junho. O comando ficou a cargo do Inglês Howard Webb, que sendo a cara do Zidane, se danou a nos prejudicar tornando o jogo tão difícil quanto esperava a maioria, apesar de a Seleção ter jogado relativamente bem.

Aos 18 minutos David Luiz estabeleceu 1 x 0, mas um quarto de hora depois Marcelo arremessou precipitadamente um lateral, Hulk falhou na recepção e Alexis Sanchez — que não é de dispensar chance — empatou. O homem verde, no entanto, redimiu-se logo no início do segundo tempo ao mandar para o fundo do barbante uma bola recebida em lançamento e amortecida no ombro. O árbitro, no entanto, que já havia deixado de acusar dois pênaltis a favor do Brasil (um no próprio Hulk e uma interceptação com uma mão da zaga chilena), anulou o gol. Enquanto isso o goleiro Bravo, fazendo jus ao nome, seguia bravamente salvando suas cores.

Fechado os noventa minutos com o magro empate em 1 x 1, veio a prorrogação e apesar de os dois treinadores — na tentativa de surpreender o adversário — tenham efetuado suas substituições, não houve alteração no placar. Pois, ainda na segunda etapa do tempo normal, Felipão trocara Fred por Jô e Fernandinho por Ramires. Jorge Sampaoli, por sua vez, havia colocado Maurício Pinilla no posto de Arturo Vidal (quem, embora desapeado da moto, o seu sonho de metal correra o bastante para nos atrapalhar) e Eduardo Vargas no lugar de Felipe Gutiérrez. Já na prorrogação Oscar foi substituído por Willian e Gary Medel por José Rojas. O ponteiro dava a antepenúltima volta do encerramento quando Pinilla chacoalhou o travessão de Júlio César com um potente chute. Foi aí que manifestei aos presentes, em alto e bom tom, minha convicção: “Depois desta a vitória é nossa!” Não deu outra. Ganhamos nos tiros diretos, ou se assim preferem, nas penalidades que puniam nosso fraco desempenho e os erros da arbitragem. Marcaram para o Brasil: Davi Luiz, Marcelo e Neymar. Willian chutou para fora e Bravo rebateu a cobrança de Hulk. Já os chilenos assinalaram com: Charles Aránguiz e Marcelo Diaz. Júlio César, que saiu de campo ovacionado, rebateu os chutes de Pinilla e Alexis Sánchez. Gonzalo Jara carimbou nosso poste esquerdo e, surpreendentemente, a brazuca (só podia mesmo ser brasileira para tamanho feito) cruzou toda a extensão do gol e já defronte a baliza oposta tratou de sair pela linha de fundo. 

Enfim, por culpa de nosso anfitrião, quase dissemos adeus ao certame logo em sua segunda fase. É que, enquanto sua esposa e filha, minha mulher e eu vestíamos verde-amarelo, nosso hospedeiro, como sempre renitente, manteve-se o tempo todo com uma também encardida camisa listrada que até faixas de cor preta tinha. Para ser mais explícito: assistimos a este jogo truncado, de baixa qualidade e pouca garra, na cidade de Fortim em casa de certo amigo sem cabelo certo. Quem, na época de Espantalho, ainda possuía uma trunfa no topo do cocuruto; em tempos de Fortaleza Voadora, tudo o que lhe restava da farta cobertura capilar da longínqua adolescência, já havia voado em definitivo deixando a cumeeira do amigo — quando desprotegida de seu encardido boné — exposta a todo tipo de intempérie.

De todos os confrontos das Oitavas, a Colômbia foi a única que não teve grandes dificuldades para avançar na competição. Às 17h00, também do dia 28 no Maracanã, sem tomar gol e tendo marcado dois com James Rodriguez (um em cada tempo) vingou nosso Maracanaço. Sem dúvida a Celeste sentiu a falta de seu principal jogador. É que pela primeira vez Luiz Suarez, o vampiro goleador, experimentava na prática a severa punição da FIFA pela dentada que aplicara em Chiallini da Azurra. Qual seja: quatro meses sem jogar e ausência em nove partidas oficiais da seleção uruguaia.

A França foi outra que jogou melhor e venceu a Nigéria no tempo normal por 2 x 0 em jogo realizado a partir das 13h00 do último dia de junho na Arena Mané Garrincha. Os gols foram de Pogba em falha do arqueiro nigeriano, que até então fizera grandes defesas, e contra de um zagueiro, já nos acréscimos do segundo tempo, porém creditado à camisa 11 de Griezmann.

No mais, esta fase do mundial foi igualmente difícil para as sete equipes que avançaram em companhia de nossa Canarinho. Ainda sem me convencer: ressalto. Outro jogo decidido nos pênaltis foi o da Costa Rica contra a Grécia. Tendo empatado em 1 x 1 no tempo normal e atuado praticamente todo esta segunda fase e a prorrogação com um atleta a menos os Costa-Riquenhos, a sensação desta copa, foram surpreendentemente valentes e venceram os gregos nos pênaltis pro 5 x 3.

Já a Holanda despachou o México com o placar de 2 x 1 em jogo realizado no calor das 13h00 do dia 29 de junho na Arena Castelão. Giovani dos Santos (brasileiro naturalizado mexicano) abriu a contagem no iniciozinho da segunda etapa. Já nos minutos finais do tempo normal Sneijder empatou com um chutaço da linha da grande área e nos acréscimos Hunterlar virou o jogo cobrando um pênalti que não existiu. Pois, apesar de Rafa Max sequer tenha lhe tocado, Robben mergulhou e o árbitro português Pedro Proença não teve dúvida em apontar para a marca da cal. Neste jogo o goleiro Ochoa foi um show à parte operando verdadeiros milagres. Enquanto o Ervilinha (também conhecido por Chichiarito) que substituiu Peralta sem nenhuma peraltice na partida, também fez muito pouco.
As demais partidas só foram decididas na prorrogação.

Em bem disputado jogo, cujo palco foi a Arena Porto Alegre às 17h00 de 30 de junho, a Alemanha (uma das favoritas para levar o caneco) só conseguiu mexer no placar durante a prorrogação. Os gols foram de Schürrele e Özil. Djabou, que em momento nenhum fez corpo mole nem desabou, descontou para Argélia já nos acréscimos.

Às 13h00 do 1º de julho na Arena São Paulo (também conhecida por Arena Corinthians ou Itaqueão) a marrenta Argentina mal conseguiu um golzinho no segundo tempo da prorrogação. Foi por meio de um chute cruzado de Di Maria em passe de Messi, goleiro da Suíça nada pôde fazer.

A Bélgica enfrentou os EUA às 17h00 do primeiro de julho na Arena Fonte Nova e embora tenha jogado o tempo todo melhor só conseguiu marcar na prorrogação. Os goleadores foram De Bruyne e Lukaku, que apesar de muita correria, terminou longe de ser um caco. Já nessa fase do jogo Green entrou verde de disposição e descontou. Além dos goleadores, destaco pela Bélgica: Mirallas, que mira ellas e otras más, Hzard (apesar do nome foi um homem de sorte) e Kompany. Pelos Estados Unidos o mimetismo de Cameron.


Bernivaldo Carneiro – 1º de julho de 2014.

domingo, 13 de julho de 2014




Memórias sonhadas
Pedro Salgueiro, Jornal O Povo 

Quando li Muzungo Pululu: homem branco transparente, do guineense radicado no Ceará, Manuel Casqueiro, fiquei tão impressionado que saltei imediatamente da última página para a primeira: o livro – misto de memória e ficção (que, a meu ver, andam sempre, ou quase, de mãos dadas) – exigia uma leitura mais apurada, de leitor que não quer saber apenas da história contada, mas dos detalhes escondidos – dos, pedantemente digamos, subterrâneos da escrita. Reli com “olhos frios” e descobri, além do poderoso contador de histórias vividas, um fino estilista, que buscou linha a linha, texto a texto, a forma literária mais propícia para narrá-las.

E essas lembranças transfiguradas pela arte, pela sensibilidade de poeta (a escritora Mariana Marques, na “orelha” de seu primeiro livro, bem afirma que “Manuel é um poeta que narra”) e – principalmente – pela saudade são o que de melhor nos apresenta esse cearense por adoção (o que, devido a essa opção própria, torna mais importante sua cearensidade).

Quem vê esse “gigante gentil” desfilando desengonçadamente por nossas ruas não imagina as tantas aventuras que ele já viveu, desde o bairro natal Chão de Papel, em Bissau (capital da Guiné-Bissau), passando pelas guerrilhas de libertação de Angola (ganhos e perdas de amores e amigos, de vitórias e decepções) até chegar finalmente em terras brasileiras (e precisamente em “terras alencarinas”, quando antes de Fortaleza ele “perambulou” pelo núcleo progressista do saudoso Dom Fragoso: a Crateús das Ligas Camponesas e da Educação Eclesial de Base, durante a famigerada Ditadura Militar implantada no Brasil em 1964).

Neste novo A Lança de Nzambi é como se ele continuasse a nos contar sua vida (e por extensão a de todos os que conviveram com ele), a descrever suas viagens interiores e exteriores; como se apenas perseverasse em seguir as intuitivas sugestões de seu pai, que (parecendo adivinhar que seria ele afinal quem contaria as aventuras da família) lhe deu na infância uma “Caneta Parker 21, preta com tampa dourada, mais 100 folhas de papel almaço pautado”.

Mas se no livro de estreia Casqueiro já alternava suas reminiscências públicas (sobressaindo-se estas, porém) com as privadas, neste novo volume de narrativas, as lembranças de criança e de adulto se condensam, se misturam, assim como o cotidiano atual se entrelaça com o poço fundo de suas tão saudosas recordações. E essas “memórias sonhadas” trazem ainda o tempero – o sabor meio estranho – de certas expressões das ex-colônias portuguesas da África, dessa mistura também tão nossa, que fomos igualmente fruto de diversas combinações genéticas, culturais...

O estilo sóbrio de contos de fadas parece ter sido corretamente escolhido pelo autor, como se ele tivesse buscado certo “tom neutro” que combinasse com seu jeito manso, simpático e discreto de viver sua vida de exilado saudoso – que, através de sua arte do bem contar (como os ancestrais narradores de velhas fábulas ao redor das fogueiras), vai nos encantando a cada página. E o que é mais louvável para um escritor: deixa ao final da leitura uma sensação de insaciedade, um desejo de quero mais.





Che, o duplo

Ernesto Guevara [dizem] nunca teria se tornado Che se [em certa noite de nuvens negras de 3 de setembro de 1946] não tivesse dobrado à direita em um beco sem nome a 50 metros da Calle Corrientes. Ao dobrar, encontrou [segundo os dois únicos relatos a respeito, ambos (previsivelmente) de videntes] uma garota [de brincos vermelhos e obviamente belíssima] que levou o [desengonçado] ginasiano a passear por uma tranquila Buenos Aires.

O Obelisco lembrou a ela do sacrifício do profeta da Judeia [segundo ela, tão portentoso quanto inútil]: os perigos do Excesso de Retidão [disse com seriedade mais sedutora que um sorriso]. Caminharam [ela virava o rosto ao passarem por um solitário mendigo] com carinho e tristeza mais profundos que a Aurora Austral – essa péssima figura de linguagem ele a escreveu no único poema que dedicou a ela.

E sua imaginação [já ligada à dela] lhe revelou: casariam; teriam sete filhos [nos tempos antes da pílula]; preocupações e êxtase se seguiram – e a morte, em algum hospital em La Plata – não tantas décadas depois assim. Os pobres não teriam seu herói – e não lhes faria falta.

Se tivesse dobrado à esquerda – mas dobrou à direita. A garota ficou a dez metros [o suficiente para nunca se conhecerem]. Ele viu um homem pobre [e não virou o rosto] – e o resto acabou na Sierra Maestra.

Explicam que a garota era na verdade aquele, de rabo e chifres, disfarçado – explicação esta que nunca teve força pois o próprio Che, ateu renitente, nela nunca acreditaria.

Esse e outros no Blog Paulo Avelino – Escritos.

Abraços,

Paulo Avelino 
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Copa 2014
 = Fase de Grupos =

Embora tenhamos avançado para a fase seguinte na confortável condição de líder do Grupo A, não tivemos vida fácil em nenhuma das três partidas da etapa inicial deste certame. Depois do sofrido 3 x 1 contra a Croácia em que nossos atletas, por certo envergonhados com o fiasco da solenidade de abertura pouco rederam, ficamos no empate sem abertura de contagem com o México e vivemos momentos de sufoco na última partida. Os camaroneses, mesmo não fazendo jus ao título de Leões Indomáveis, ainda nos aplicaram um grande susto ao empatar o jogo quando ganhávamos pelo escore mínimo. Mas o nosso camisa 10 estava inspirado naquele final tarde – princípio de noite. Na Arena batizada com o seu nome, Mané Garrincha, “O Anjo das Pernas Tortas”, ou se assim preferem, o homem de Pau Grande — distrito de Magé, RJ, decerto instigou o menino das pernas finas a mostrar boa parte de seu rico repertório de jogadas. Já tendo sacudido o barbante adversário aos 17 minutos, Neymar voltou a marcar ainda no primeiro tempo. E assim, além de dar um pouco de tranquilidade às cores que defende, tornou-se um dos artilheiros da competição. Mas, melhora mesmo só aconteceu no segundo tempo a partir das alterações processadas pelo Técnico Luiz Felipe. Com mais um gol de Fred e outro de Fernandinho (o substituto de Paulinho desde a volta do vestiário), passamos a régua em 4 x 1. No mais...
Se “De onde não se espera é que não vem mesmo”, a Fase de Grupos foi generosa em negar esse negativo dito popular. Em meio às 15 seleções que passaram para as Oitavas de Final pelo menos uma surpreendeu positivamente e três de forma negativa.
No chamado grupo da morte (tendo como adversárias três seleções detentoras de sete dos 19 títulos já disputados) os Costa-Riquenhos não perderam tempo em calar a boca daqueles que apostavam como eles não fariam sequer um ponto. Fizeram logo seis nas duas primeiras partidas e se classificaram com uma rodada de antecedência. Também trajando azul, vermelho e branco, as cores do sucesso que hoje vestem cerca de 80% das arenas brasileiras (os 20% restantes são tricolores de outras tonalidades), é bastante fácil. Não tiveram o menor constrangimento em despachar a tetra-campeã Itália e a campeã Inglaterra — que vez ou outra usa jaqueta em que prevalecem as cores alvinegras.
A Espanha, que logo na primeira partida havia tomado um chocolate holandês de 5 x 1 (se pelo menos fosse suíço, o melhor) também apanhou do Chile. E assim, antes de pegar o avião de volta para casa (pelo que jogou deveriam retornar em lombos de saltitantes cangurus) enfrentou a Austrália para juntas cumprirem tabela. Enfim, o temido “Bicho Papão”, que, na tentativa de se apossar da denominação dos chilenos, chegara descartando o epíteto de A Fúria foi um fragoroso desastre. Os chilenos, no entanto, não abriram mão do batismo e de quebra mandaram Iniesta e companhia mais cedo para casa. Pela primeira vez a última campeã do mundo era eliminada logo na segunda partida da primeira fase. Um grande baque para quem andava cheio de marra. Desde que aqui estiveram na Copa das Confederações de 2013, como se o Brasil fosse Casa de Mãe Joana (tudo bem que o seja, mas os deuses do futebol às vezes punem os soberbos) aprontaram nos hotéis que os acolheram. E assim eliminados na Fase de Grupos antes de jogar a terceira partida com apenas um gol marcado e sete sofridos, eu pergunto ao técnico Oscar Del Bosque: em que bosque do mundo está escondido o futebol da Fúria, que um dia pretendeu ser La Roja? O Diego Costa, por exemplo, sergipano naturalizado espanhol, o que tomou de vaia não está escrito em nenhum manual da FIFA. Enquanto isso Xabi Alonso era só chave de perna nos adversários e Sérgio Ramos — com se tivesse apanhado um vento encanado era o retrato da desorientação. Nenhum espanhol em campo acreditava no que via e vivia.
A tetra-campeão do mundo, a Itália de Mario Balotelli e outros, que perdeu para a Costa Rica e Uruguai e só marcou três pontos contra a Inglaterra, foi outra vergonha. De igual modo o selecionado português, de Cristiano Ronaldo. Mesmo com a presença de Fábio Coentrão saiu mais destemperado que caldo de bilha. Até parece uma maldição portuguesa: tendo em campo o melhor do mundo, os patrícios jamais passarão da primeira fase de uma copa do mundo. Foi assim em 2002 com Figo, que sequer fez um gol para tirar o dedo; agora com o CR7. Este, de dedo em riste na cara de quem lhe atravessar o caminho, tendo marcado um único gol que até eu faria, teve pouco tempo para se olhar nos telões das Arenas em que atuou, e antes gritar “Eu estou a cá” teve que voltar para lá. Enfim, disse adeus a este país com um aproveitamento inferior a 45% depois de sofrer uma sonora goleada de 4 x 0 da Alemanha, um mero empate com os USA e uma magra vitória contra Gana.  
Quem também não mostrou lá essas coisas todas foram os argentinos de 16 copas. No apertado 2 x 1 contra a Bósnia-Herzegovina (que ainda marcou contra), o goleiro Romero tomou um gol entre as pernas nascido de um fraco chute de Ibisevic. Como não sou de desejar sucesso a Los Hermanos, não aconselho o guarda meta argentino pedir bênçãos ao Padim Ciço ou a São Francisco. Que ele continue sem saber que romeiro em terras tupiniquins não prospera sem uma boa romaria a Juazeiro do Norte ou a Canindé. Depois vieram o magro 1 x 0  contra o Iran já nos acréscimos do segundo tempo e o 3 x 2 com a Nigéria.
É de se ressaltar o bom futebol apresentado por equipes sem tradição, ao tempo que, vendo a atuação de alguns campeões mundiais nesta copa quase morro de saudade de meus melhores dias de peladas suburbanas. Mas como a bola já rola há uma quinzena e eu ainda sigo tratando o joelho (motivo de minha não convocação) sou forçado a reconhecer que o turrão Scolari estava certo: realmente não havia tempo para eu me recuperar.


Bernivaldo Carneiro — 26 de junho de2014