= PONTAPÉ INICIAL =
Minha insegurança quanto ao sucesso de nosso
Selecionado cresceu a partir do último amistoso pré-Copa, realizado em 6 de
junho no estádio Morumbi contra a Sérvia.
Quem
disse que a Sérvia não serve? Tanto serve a Sérvia que nos 45 minutos iniciais o
Brasil não deu um único chute a gol. Nem longe lembrou a boa apresentação de três
dias antes quando goleara o Panamá por 4 x 0. Para a Sérvia não bastava o Basta. Não raro, Mitrovic, Markovic,
Dordevic e outros vics (até o
Técnico Drulovic é vic) levavam perigo à meta
defendida por Júlio César. Ao passo que o goleiro Estoy Convicto (digo: Stojkovic)
parecia dizer de si para si: Vocês não
são de nada, inocentes! Mas não foi bem assim.
Voltamos
melhor no segundo tempo e aos 13 minutos, ao receber lançamento de Thiago
Silva, Fred matou a gorduchinha no peito, foi ao chão com a danada e caído a despachou
para o fundo do barbante. Jogando pela Seleção, o artilheiro do Flu está se
especializando em fazer deitado o que não tem feito de pé. Pois, de modo
idêntico fora o seu último gol pela Copa das Confederações 2013. Depois o Brasil
viu o auxiliar de arbitragem (um paraguaio com veladas intenções de se
naturalizar sérvio), anular um legítimo gol de cobertura do Hulk. Uma obra de
arte que agradou aos especialistas em jogadas do tipo (modéstia parte eu me
incluo neste seleto grupo) tanto quanto, a avantajada retaguarda do atleta,
agrada as mulheres.
Já na partida
de abertura deste Mundial, a Croácia que é da mesma escola da Sérvia (tal qual a
Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia, nasceram do desmembramento
do extinto Reino Unido da Iugoslávia) vinha inflamada. Também cheia de IC, que
se pronuncia ITE. Mas como não poderia ser diferente, o primeiro gol marcado desta
copa em terra brasileira foi de um brasileiro. Não exatamente do jeito que desejávamos,
obviamente. Ocorreu aos dez minutos, quando num cruzamento da esquerda, depois
de passar por Thiago Silva, Luiz Gustavo e David Luiz, já dentro da pequena
área, a bola (negando sua condição de brazuca) encontrou o pé esquerdo do
Marcelo e traiu nosso arqueiro.
Desde então dois
fatos colocavam os nervos dos supersticiosos de prontidão. O fato de o jogo acontecer
na Arena Corinthians, onde o Timão jamais experimentou o gosto da vitória e ser
o árbitro o japonês Yuichi Nishimura. Exatamente aquele que fechou os olhos
para nossas aspirações na Copa de 2010. Não o julgo pela expulsão (Felipe Melo a
mereceu), senão pelo pênalti indiscutível em Kaká, que não foi assinalado.
Resultado: perdemos para a Holanda por 2 x 1 e demos adeus à competição ainda na
antepenúltima etapa.
Mas de volta a esta
abertura, o Brasil não se abateu com o gol contra e, em dois momentos de rara
felicidade, Neymar (nem adiante ele insistir que eu não me acostumo acrescentar-lhe
Júnior ao nome), ocorreram o empate e a virada. O primeiro, marcado ainda na
fase inicial da contenda, saiu de um chute mascado em que a bola passou
caprichosamente entre as pernas de um adversário e, antes de morrer no fundo do
gol, ainda beijou o pé do poste esquerdo Pletikosa. O segundo veio de um
pênalti polêmico, de Lovren em Fred. O goleiro croata voou para o canto certo
(certo para eles — esclareça-se a bem da brasilidade) tocou na bola, mas pouco lhe
alterou a trajetória e ela estufou a rede. Desse modo o homem de olhos puxados
compensava (pagando com a mesma moeda) o equívoco de sua miopia, de quatro anos
atrás.
No segundo tempo,
sobretudo com as entradas de Hernanes e Bernard — “O menino que tem alegria nas
pernas”, o time cresceu de produção. E no apagar das luzes, Oscar, o melhor
jogador em campo a despeito de a comenda tenha ido para o namorado, daquela
menina veia feia que é a Bruna Marquezine... não a digo padrão FIFA porque
minha mulher acha que temos um rolo e morre de ciúmes dela... fechou o caixão
croata com um velho e bom bico de botina.
E por falar nesse
fundamento, de quando em vez improvisado pelos craques sem o menor sentimento
de perna-de-pau, lembro: na corrida ao penta o que nos salvou nas semifinais
contra a Turquia foi um bicudo do Fenômeno. Assim como é saudável relembrar que,
à semelhante desta, em nosso primeiro jogo daquela copa tivemos uma mãozinha do
árbitro. Pensando assim, quem dentre nós supersticiosos, duvidaria que ao pousar
na camisa de Neymar, durante Brasil versus Croácia, aquela mariposa não tatuou
a sexta estrela no brasão do manto verde-amarelo?
Mas pelo
sim pelo não, até o próximo dia 13 (data da final desta copa), nós brasileiros estamos
terminantemente proibidos de quebrar espelho, de passar debaixo de escada e praticar
tudo que porventura possa trazer azar. E digo mais: para garantirmos o caneco, até
mesmo quem detesta o PT, deve rezar pela saúde de Zagalo e para ele se juntar
ao Lula, à Dilma e companhia. Nada como nestas horas, sobretudo em país
governado pelo 13, termos por perto o velho Lobo, que não sofre de TRISCAIDECAFOBIA. Que diabeisso? É simplesmente não ter medo do 13. A Regina
Duarte confessou tê-lo e pelo jeito não se deu nada bem. Pois nem nas novelas
eu vejo mais essa estrela de primeira grandeza!
Bernivaldo
Carneiro
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