sábado, 11 de junho de 2011


POEMA ESTRANHO
Carlos Nóbrega                                 

Uma casa, um casarão de outra era
rodeado de tempo e abandono
pintado com a descasca do tempo...
O terreiro de pó e sertão
torra de sol e de sono
e é só p’ra torrá-lo que  há vento.
Izabel de barro e espera
com sua cara de luto e fundura
me chama com sua voz dura
e me dá água impura e um pão.

No alpendre o vento de agosto
não sopra nem sopra: ele traga
Mas vem nesse vento a contragosto
rangendo de angústia uma rês magra.
Não imagino esta casa morta:
eu a sinto e a toco - a distante
e conto-lhe as ripas da porta
de sete madeira’ em cada banda
oito armadores na varanda
quatro batentes ao léu
expondo os tijolos de antes.
A casa não há, nem Izabel
mas com ela estou lá nesse instante.

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