Poeta é destaque na Academia Cearense de Letras
Foto: Silas ao lado de Zé Ramalho, seu maior ídolo
Com apenas 12 anos, Silas Façanha, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental, já possui um vasto currículo. Com mais de 100 poesias escritas, ele já é conhecido como o ‘menino da caneta’, que recebeu esse título por Tales de Sá Cavalcante, dono da Organização Farias Brito. Silas que atualmente faz parte da Associação Cearense de Escritores (ACE), falou para o Blog do Labjor da sua paixão por escrever.
Blog do Labjor: Como você adquiriu esse interesse pela literatura?
Silas Façanha: Quando eu tinha 8 anos, tive um trabalho de Literatura onde eu teria que escrever um poema, daí meu interesse pela literatura só aumentou.
B.L: Você foi incentivado pelos seus pais para começar a escrever?
S.F.: Não, despertei o interesse sozinho, mesmo.
B.L. Você recebeu uma homenagem pela Academia Cearense de Letras (ACL), com o poema ‘A Caneta do Congresso’, onde você critica o Congresso Nacional por não agir com tanta eficiência como antes, de onde vem esse pensamento crítico? Pois não é muito comum ver um garoto da sua idade ter essas ideias. Como seus colegas de sala reagem ao seu pensamento?
S.F: A respeito do meu senso crítico, eu acordo bem cedo, assisto o ‘Jornal da Manhã’, leio bastante, sou bem curioso, além de que na escola meu pensamento é muito bem desenvolvido, adoro filosofia. Meus amigos acham meio estranho o que eu escrevo, e em algumas poesias dizem que eu ‘viajo’, eles não têm minha visão crítica das coisas, tudo o que eu escrevo não tem sentido para eles.
B.L.: Você já faz parte da Academia Cearense de Escritores (ACE), quantas crianças fazem parte junto com você?
S.F: Atualmente só tem eu mesmo de criança, tem um ‘xará’ meu lá, mas de criança mesmo só eu. (risos)
B.L: Em quem você se inspira para fazer seus poemas? Quem é (são) a(s) pessoa(s) que mais influencia(m) suas ideias?
S.F: Tive a oportunidade de, mesmo que rápido, conhecer o cantor Zé Ramalho, eu o admiro muito, pela sua trajetória de vida e como ele conseguiu sucesso.
B.L: Você segue uma ideologia quando critica o que se passa ao seu redor, com quem você discute isso? E qual a sua posição política?
S.F.: Eu discuto muitas vezes com o meu irmão mais velho, João Mateus, em casa mesmo. Eu tenho uma visão ‘ambidestra’, um pouco de esquerda mas, com apoio aos de direita.
B.L: Por que você escreve essa crítica para o atual cenário político brasileiro?
S.F: Acredito que as pessoas devem desenvolver um senso crítico maior, hoje elas se preocupam com muitas futilezas, coisas pequenas.
B.L: De onde vem as ideias para escrever? Você segue algum padrão de língua ou ideia?
S.F : Não sigo nenhum padrão, não gosto de padrões, muito menos de leis gramaticais, nada contra aos que trabalham com isso, mas creio que precisa ter sentimento no que se escreve principalmente e não seguir uma métrica onde todas as poesias ficam iguais, quero que o que eu escrevo seja diferente.
B.L: Academicamente falando, qual a carreira que você vai seguir?
S.F: Queria ser escritor, mas no Brasil escrever só serve como hobbie mesmo, então quero fazer vestibular para Medicina.
B.L: Medicina? Por que?
S.F: Quero ingressar na carreira de Psiquiatria, só assim eu vou tentar entender o que se passa na cabeça do ser humano, me interesso muito em entender isso.
A entrevista, que ocorreu às 21:00 da última terça, 30, terminou ao som de bocejos do entrevistado, logo após, o poeta foi se preparar para dormir, para acordar cedo para assistir o ‘Jornal da Manhã’ e mais tarde ir para o colégio, como todo garoto de sua idade.
A Caneta do Congresso
(Poema de Silas, no qual foi homenageado pela Academia Cearense de Letras)
Já não escreve mais
A caneta do congresso
E agora não posso
Escrever nem mesmo um verso
A caneta não escreve
A polícia não atira
Os médicos não ajudam
E os políticos lhe contam uma mentira
Uma mentira de ninar
Uma mentira para acreditar
E o pior
Uma mentira que faz votar
Não vou dormir após o canto
Não vou crer após os juramentos
Votar após as promessas?
Outubro é mês dos nojentos
Nesse Brasil
Há política de lixo
Homem briga na câmara
Como se fosse bicho
Nessa política
Não vou votar jamais
Já que a caneta do congresso
Não escreve mais
Texto de Pedro Motta