sexta-feira, 26 de novembro de 2010



Branca

Por Raymundo Netto

Ah, se eu pudesse retirar o perfume de teus cabelos
Se teu dorso alvo repousasse em minhas mãos o dia inteiro
Se não houvesse essas horas que separam minha vida
Do teu calor, então, quem sabe eu faria mais poemas de amor.

Se ao som de afinado violão nós fizemos juras eternas
Se o pulso de meu coração corresse mais que tuas pernas
Se em épura eu descrevesse a bissetriz do teu ardor
Então eu mosaicaria, em poesia, tão eloquentes versos de amor.

Se eu pudesse te fazer promessas no escuro
Se pudesse sussurrar-te obscenos absurdos
Ah, se eu pudesse colher de teus lábios rubra flor
Eu a destilaria fria, fria, na insensatez das palavras de amor.

Se eu pudesse gravar em meus dedos a impressão dos teus, finos teus
Se eu pudesse no estrelar de teus olhos dizer-te adeus, um parto adeus
E se eu pudesse suportar sem gravidade o lancinante instante de furor
Nada mais me restaria a não ser a poesia tão poética do amor.

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