Raimundo Netto
A torneira pinga, goteja, gotosa, gotejante, artrítica.
Num lamento perdura, dura, mistura candura e fura
Tanto bate até que fura.
Tu Tu Tu
A torneira pinga goteirante, entorna a gota gotílica, gótica.
E no rumo da pia, toma prumo: se esguia rasto de rio
Se eu rio, sorrio, só rio.
Tu Tu Tu
A torneira pinga, insiste, goteia, goturva, gotante
Deslizando na pedra, se enreda, se entranha, se esgota
E no ralo, morta, não é nada, gotada, goteira, gota rota.
Tu Tu
A torneira pinga pingos d’água, mágoa, solidão.
A torneira pinga pinga pingandante
A torneira é como o verso que chora.
Tu
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