OLHAR NÃO TIRA PEDAÇO
Por: Bernivaldo Carneiro
Geólogo/Sanitarista – Escritor.
Se fogueira forte é que clareia a noite, quem do ramo ignoraria uma legítima representante de Afrodite Calipigia cruzando à sua frente? Barack Obama e Nicolas Sarkozi não ignoram. Bastou alguém aquinhoada de um palpitante departamento de trás e outros predicados físicos, desfilar seus elogiáveis dotes anatômicos ao redor dos dois, para eles mudarem acintosamente o foco do encontro. Do tangível G8/G5 ao abstrato ponto G foi um mero piscar de olhos.
A propósito desta preferência (perdoe-me quem porventura a considera profana) explicam os filósofos: Quando o homem ainda andava de quatro era por trás que ele se aproximava da fêmea: nasceu aí a admiração por nádegas hemisféricas. Já montado sobre dois pés a abordagem se dava pela frente: originou-se o gosto por seios calidamente fartos. Deste modo, seríamos nós brasileiros tão pré-históricos assim? E o norte-americano (especialmente famoso pelo fascínio que nutre, em desfavor de bem-moldadas retaguardas femininas, por bustos avantajados) tão moderninho? Eu, que não sou de esconder minhas predileções nem tampouco nego o lado espiritualista nascido comigo na Jaguaretama do Dr. Bezerra de Menezes, o Allan Kardec brasileiro, confesso: eu devo ter encarnado em ambas as eras.
Mas de volta ao exposto e já de olho no que vem a seguir, eu pergunto: teria Obama e também Sarcozi, um pé no Brasil? Senão aqui nascidos, pelo menos com antecedentes próximos, na terrinha? Afinal, o primeiro, além de considerar Lula “O cara” possui um fenótipo que em nada desmerece um bom baiano ou um carioca do morro. Já, o segundo, que também é um confesso admirador de seu parceiro brasileiro, com aquela cara chupada e orelhas-de-rato-de-cana que lhes dão feições um tanto rústicas para os padrões europeus (até parece fruto do cruzamento do humorista Mr. Bean com o cantor Zé Ramalho), pode perfeitamente ser confundido com um piauiense, um cearense, um potiguar...
Enfim, um episódio que para mim teve outro mérito além de servir de assunto a esta crônica. Hoje, empunhando a espada da vitória, posso dizer que se foi o tempo em que um deslize do tipo, tirava-me o sono. Sabe como é que é: às vezes no fragor da hora, no calor da libido (a distração... digo a concentração) subtrai-nos a atenção que devemos ter para o risco que é dedicar a vista a uma bem-alinhavada bunda ou a uma farta-comissão de frente; quando nossa consorte (ou seria sem sorte?) está por perto. De forma que tão-logo tomei conhecimento do fato histórico objeto deste texto, já me prevenindo contra o despertar de ecos adormecidos, chamei Naná a um particular e decretei: “A menos que você me mostre fartas e consistentes imagens correndo o mundo, em que Michelle Obama e Carla Bruni, em represália à babosa admiração de seus respectivos, puxam-nos ostensivamente as orelhas em público (veja bem.... eu disse em público!), minhas inocentes olhadelas jamais me pesarão na consciência. Nunca mais me postarei cabisbaixo entregue ao mais velado dos pedidos de clemência. E digo mais, Naná, posso inclusive intuir o papo – não prescrevendo reservas morais, senão com forte acento de orgulho – que rolou entre as duas primeiras damas diante daquelas imagens:
– Viu aí Carla, como o meu crioulo é chegado?
– Que bênção, não Michelle!
– Pois não é mulher, em tempos cada dia, mais misóginos (o que há de gay e metro-sexual no Planeta é um espanto), possuir um marido que gosta do produto já é motivo de orgulho.
– Não esqueça, porém, Michelle, que ao contrário do meu camundonguinho, seu mulato deu uma desconversada quando percebeu a presença dos holofotes.
– Como assim?
– Deixa só eu recuperar a imagem... Pronto está aqui. Viu? Pretextando cavalheirismo àquela senhora que se dirige aos degraus, ele perdeu o foco. O meu não! Jamais desgrudou a vista. Também essas brasileiras têm um pé-de-rabo de tirar o fôlego de qualquer um, não é mesmo, cara Michelle!
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